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Reconstrução polêmica opõe até departamentos do governo dos EUA
ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL
A reconstrução do Iraque promete ser a batalha mais difícil a ser
travada pela administração de
George W. Bush nessa campanha.
Bastante complicado até agora, o
processo tem envolvido novos
embates entre os Estados Unidos
e a comunidade internacional e
conflitos dentro do próprio governo norte-americano.
Ainda não existe um plano claro
para a reconstrução do Iraque. O
que há de concreto, por enquanto, são contratos que vinham sendo distribuídos pelo governo dos
EUA exclusivamente para empresas norte-americanas.
Mas, mesmo esse processo, que
foi lançado com estardalhaço pelo
governo dos EUA, está estacionado desde que virou alvo de críticas
de países como França, Alemanha e Rússia e da imprensa.
Há menos de três semanas, a
Usaid (agência norte-americana
para o desenvolvimento internacional) prometia em um prazo de
"poucos dias" a divulgação dos
nomes de sete empresas ganhadoras de contratos. Naquele momento, um contrato já havia sido
concedido à empresa International Group Resources para a prestação de assistência pessoal a funcionários da Usaid no Iraque.
Depois disso, no entanto, apenas mais um nome de empresa foi
anunciado: o da Stevedoring Services of America, que administrará os portos iraquianos.
Segundo Alfonso Aguilar, porta-voz da Usaid, o processo de
análise das propostas feitas pelas
empresas segue normalmente.
Ele admite que chegou a acreditar-e a transmitir essa informação para a imprensa-que a
Usaid divulgaria logo os nomes
das outras empresas. Mas, segundo Aguilar, o departamento que
analisa as propostas para os seis
contratos restantes ainda não tomou uma decisão: "Isso não quer
dizer que o processo esteja parado. Ao contrário, está correndo
em tempo recorde".
No entanto, nenhum nome de
empresa é anunciado desde que a
intenção dos EUA de administrar
a reconstrução do Iraque sem significativa ajuda internacional,
nem mesmo de agências ligadas à
ONU, virou alvo de críticas.
Para complicar a situação, também começam a se tornar visíveis
as divergências entre os departamentos da Defesa e de Estado dos
EUA. O primeiro, escolhido por
Bush para comandar a reconstrução, defende que os EUA liderem
esse processo sozinhos.
Já o departamento de Estado-
ao qual a Usaid está subordinada- apóia a postura defendida
pelo Reino Unido, principal aliado dos EUA na guerra, de que seja
formada uma frente internacional
para a reconstrução, na qual a
ONU teria papel significativo.
Anteontem, após encontro com
Tony Blair, primeiro-ministro
britânico, Bush garantiu que a
ONU terá um papel "vital" na reconstrução do Iraque. Mas detalhes ainda não foram divulgados
e, por enquanto, os principais
conselheiros do presidente norte-americano continuam contra essa
proposta.
Os rumos dos planos de reconstrução também dependerão de
como será montada a nova administração política do Iraque.
O Banco Mundial, por exemplo,
já anunciou que ainda não foi
convidado a participar do processo. A instituição disse ainda que
não poderá tomar parte do projeto de reconstrução se o novo governo não for reconhecido pela
ONU. A grande questão agora, segundo especialistas, é se a ONU
irá reconhecer um novo governo
iraquiano depois de ter se oposto
fortemente ao ataque ao país.
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