São Paulo, segunda-feira, 10 de abril de 2006

Próximo Texto | Índice

AMÉRICA DO SUL

Nacionalista lidera voto, com disputa acirrada pela outra vaga entre direitista Flores e ex-presidente García

Projeção vê Humala no 2º turno peruano

FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A LIMA
O candidato nacionalista à Presidência do Peru, Ollanta Humala, confirmou seu favoritismo e assegurou uma vaga no segundo turno nas eleições de ontem, mas o seu adversário continua indefinido entre a direitista Lourdes Flores e o ex-presidente de centro-esquerda Alan García, segundo projeção baseada em 59,2% das mesas de votação.
Humala, da coligação União pelo Peru, lidera com 30,9% dos votos. Pela legislação peruana, para vencer no primeiro turno, é necessário obter a maioria simples dos votos, cenário já descartado.
Flores tem uma vantagem de 1,2 ponto percentual sobre García, de acordo com a chamada contagem rápida do instituto Apoyo, considerado o mais respeitado do país. A candidata da Unidade Nacional aparece com 24,5% dos votos, contra 23,3% do representante do tradicional partido Apra.
A diferença está dentro da margem de erro da contagem rápida, considerada mais precisa do que as pesquisas de boca-de-urna.
O candidato nacionalista lidera também nas pesquisas de boca-de-urna dos institutos CPI (30,1%) e Datum (29%). Já Flores aparece com uma ligeira vantagem sobre García (25,8% e 24%, respectivamente), enquanto Datum dá 24% a cada um deles.
Tanto a contagem rápida quanto as pesquisas de boca-de-urna confirmam a divisão regional do voto no Peru, dividido em três regiões: a costa, onde está Lima e Flores vence com facilidade, o empobrecido altiplano peruano, reduto de Humala, e a relativamente pouco povoada região amazônica. Já García tem uma distribuição mais equilibrada.
A disputa palmo a palmo entre García e Flores repete o que já havia ocorrido no primeiro turno das últimas eleições presidenciais, em 2001, que elegeram o hoje combalido Alejandro Toledo -seu partido, Peru Possível, nem sequer tem um candidato a presidente. O ex-presidente (1985-1990) venceu a então deputada pela diferença fotográfica de 1,48 ponto percentual.
Neste ano, o segundo turno deve ser realizado no dia 7 de maio, mas a data ainda não foi ratificada. O mandato presidencial peruano é de cinco anos, sem direito à reeleição. Além das eleições presidenciais, foram escolhidos ontem os novos 120 deputados -o Congresso peruano é unicameral, além de representantes do Parlamento Andino. Como o presidente, o mandato parlamentar peruano é de cinco anos.

Incidentes isolados
O processo de votação foi considerado pacífico na maioria dos centros de votação pelos observadores eleitorais. O incidente mais sério envolveu Humala, que enfrentou uma violenta manifestação quando foi votar, em Lima.
Também foram registrados incidentes no interior do país envolvendo membros remanescentes do grupo terrorista Sendero Luminoso, que assombrou o país nos anos 1980 e 1990. Uma carga de dinamite chegou a explodir, mas sem deixar feridos. No local da explosão, foi encontrada uma bandeira comunista, símbolo dos senderistas.
Temendo ataques terroristas, o governo peruano decretou estado de emergência em parte do Departamento de Huánuco, no centro do país e principal foco de atividade senderista.
Segundo a organização não-governamental Transparência, que tem uma rede de 8.364 observadores em todo o país, todas as mesas de votação já estavam abertas até as 11h da manhã.
Cerca de 16,5 milhões de peruanos estão aptos a votar. Apesar do crescimento econômico peruano ter sido acima de 5% do PIB (Produto Interno Bruto) nos últimos anos, a maioria da população não sente o bom momento: 51,6% dos habitantes vivem abaixo da linha da pobreza, de acordo com dados oficiais.


Próximo Texto: Favorito vota sob insultos e chuva de pedras
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.