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AMÉRICA DO SUL
Nacionalista lidera voto, com disputa acirrada pela outra vaga entre direitista Flores e ex-presidente García
Projeção vê Humala no 2º turno peruano
FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A LIMA
O candidato nacionalista à Presidência do Peru, Ollanta Humala, confirmou seu favoritismo e
assegurou uma vaga no segundo
turno nas eleições de ontem, mas
o seu adversário continua indefinido entre a direitista Lourdes
Flores e o ex-presidente de centro-esquerda Alan García, segundo projeção baseada em 59,2%
das mesas de votação.
Humala, da coligação União pelo Peru, lidera com 30,9% dos votos. Pela legislação peruana, para
vencer no primeiro turno, é necessário obter a maioria simples
dos votos, cenário já descartado.
Flores tem uma vantagem de 1,2
ponto percentual sobre García, de
acordo com a chamada contagem
rápida do instituto Apoyo, considerado o mais respeitado do país.
A candidata da Unidade Nacional
aparece com 24,5% dos votos,
contra 23,3% do representante do
tradicional partido Apra.
A diferença está dentro da margem de erro da contagem rápida,
considerada mais precisa do que
as pesquisas de boca-de-urna.
O candidato nacionalista lidera
também nas pesquisas de boca-de-urna dos institutos CPI
(30,1%) e Datum (29%). Já Flores
aparece com uma ligeira vantagem sobre García (25,8% e 24%,
respectivamente), enquanto Datum dá 24% a cada um deles.
Tanto a contagem rápida quanto as pesquisas de boca-de-urna
confirmam a divisão regional do
voto no Peru, dividido em três regiões: a costa, onde está Lima e
Flores vence com facilidade, o
empobrecido altiplano peruano,
reduto de Humala, e a relativamente pouco povoada região
amazônica. Já García tem uma
distribuição mais equilibrada.
A disputa palmo a palmo entre
García e Flores repete o que já havia ocorrido no primeiro turno
das últimas eleições presidenciais,
em 2001, que elegeram o hoje
combalido Alejandro Toledo
-seu partido, Peru Possível, nem
sequer tem um candidato a presidente. O ex-presidente (1985-1990) venceu a então deputada
pela diferença fotográfica de 1,48
ponto percentual.
Neste ano, o segundo turno deve ser realizado no dia 7 de maio,
mas a data ainda não foi ratificada. O mandato presidencial peruano é de cinco anos, sem direito
à reeleição. Além das eleições presidenciais, foram escolhidos ontem os novos 120 deputados -o
Congresso peruano é unicameral,
além de representantes do Parlamento Andino. Como o presidente, o mandato parlamentar peruano é de cinco anos.
Incidentes isolados
O processo de votação foi considerado pacífico na maioria dos
centros de votação pelos observadores eleitorais. O incidente mais
sério envolveu Humala, que enfrentou uma violenta manifestação quando foi votar, em Lima.
Também foram registrados incidentes no interior do país envolvendo membros remanescentes
do grupo terrorista Sendero Luminoso, que assombrou o país
nos anos 1980 e 1990. Uma carga
de dinamite chegou a explodir,
mas sem deixar feridos. No local
da explosão, foi encontrada uma
bandeira comunista, símbolo dos
senderistas.
Temendo ataques terroristas, o
governo peruano decretou estado
de emergência em parte do Departamento de Huánuco, no centro do país e principal foco de atividade senderista.
Segundo a organização não-governamental Transparência, que
tem uma rede de 8.364 observadores em todo o país, todas as mesas de votação já estavam abertas
até as 11h da manhã.
Cerca de 16,5 milhões de peruanos estão aptos a votar. Apesar do
crescimento econômico peruano
ter sido acima de 5% do PIB (Produto Interno Bruto) nos últimos
anos, a maioria da população não
sente o bom momento: 51,6% dos
habitantes vivem abaixo da linha
da pobreza, de acordo com dados
oficiais.
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