São Paulo, terça-feira, 10 de abril de 2007

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Iraquianos marcham contra EUA

Manifestação convocada pelo xiita Moqtada Al Sadr para pedir saída americana reúne 600 mil, diz polícia

Clérigo pede que Exército se una à sua milícia; no dia em que foi celebrado o quarto aniversário da queda de Bagdá, protesto foi pacífico

DA REDAÇÃO

Milhares de xiitas -um mar de mulheres vestidas de preto e homens com bandeiras iraquianas- caminharam 160 km entre as cidades sagradas de Kufa e Najaf para protestar contra a presença americana no Iraque. Ontem foi o quarto aniversário da chamada "queda de Bagdá", quando os EUA anunciaram ter assumido o controle da capital iraquiana.
A manifestação, que incluiu a destruição da bandeiras americanas, foi pacífica. Ela foi organizada pelo clérigo xiita Moqtada al Sadr como uma demonstração de força não só diante de Washington mas também de outras facções iraquianas.
Al Sadr decepcionou quem esperava vê-lo -ele não aparece em público desde fevereiro, quando os EUA e o governo iraquiano anunciaram um novo plano de segurança para o Iraque. Mas ele colocou o tema anti-EUA na pauta do dia por meio de documentos escritos.
No mais recente, divulgado no domingo, Al Sadr pede à sua milícia, o Exército Mahdi, que redobre os esforços para expulsar as forças americanas e à polícia e ao Exército que se unam para combater o arquiinimigo. O foco é Diwaniya, cidade no sul do país onde tropas dos EUA lançaram uma ofensiva contra a milícia de Al Sadr.

"Iraque independente"
O pedido do clérigo não explicita a luta armada contra os EUA, mas é sua maior condenação da ocupação americana desde o anúncio do plano de segurança -parte da estratégia da Casa Branca, anunciada em janeiro, de tentar garantir o controle de Bagdá por meio do aumento do número de soldados americanos na cidade.
"O inimigo que ocupa nosso país agora está mirando a dignidade do povo iraquiano", disse Nassar al Rubaie, chefe do bloco de Al Sadr no Parlamento. "Depois de quatro anos de ocupação, há centenas de milhares de mortos e feridos."
Um antigo funcionário da organização de Al Sadr em Najaf, Salah al Obaydi, definiu a passeata como um "chamado para a libertação". "Esperamos que, no próximo aniversário, sejamos um Iraque independente, com completa soberania."
O clérigo Abdelhadi al Mohammadawi, próximo a Al Sadr, discursou: "Exigimos a saída dos ocupantes".
Steven Boylan, porta-voz do Exército americano, elogiou a natureza pacífica do protesto, dizendo que os iraquianos "não poderiam fazer algo parecido quatro anos atrás".

Mar de bandeiras
Muitos manifestantes dançavam enquanto o protesto atravessava as ruas. Entre bandeiras tremulantes e cartazes gigantes, manifestantes gritavam "Sim, sim ao Iraque" e "Sim, sim a Moqtada. Ocupantes devem sair do Iraque".
Abdul Kerim al Mayahi, o chefe da polícia de Najaf, disse que eram 600 mil pessoas na marcha. Soldados iraquianos uniformizados se uniram à multidão, liderada por uma dúzia de clérigos -incluindo um sunita.
Em Bagdá, as ruas estavam vazias por causa de uma proibição de dirigir por 24 horas, que começou a vigorar às 5h (hora local) de ontem. A capital ficou silenciosa, as lojas foram fechadas e trancadas, e os relatos da violência caíram quase a zero.
O chamado de resistência de Al Sadr aconteceu enquanto o comando militar americano no Iraque anunciava a morte de dez soldados em cinco ataques durante o fim de semana, a maior média por dois dias desde fevereiro. No domingo, 43 iraquianos foram mortos ou encontrados mortos.


Com agências internacionais


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