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Iraquianos marcham contra EUA
Manifestação convocada pelo xiita Moqtada Al Sadr para pedir saída americana reúne 600 mil, diz polícia
Clérigo pede que Exército se una à sua milícia; no dia em que foi celebrado o quarto aniversário da queda de Bagdá, protesto foi pacífico
DA REDAÇÃO
Milhares de xiitas -um mar
de mulheres vestidas de preto e
homens com bandeiras iraquianas- caminharam 160 km
entre as cidades sagradas de
Kufa e Najaf para protestar
contra a presença americana
no Iraque. Ontem foi o quarto
aniversário da chamada "queda
de Bagdá", quando os EUA
anunciaram ter assumido o
controle da capital iraquiana.
A manifestação, que incluiu a
destruição da bandeiras americanas, foi pacífica. Ela foi organizada pelo clérigo xiita Moqtada al Sadr como uma demonstração de força não só diante de
Washington mas também de
outras facções iraquianas.
Al Sadr decepcionou quem
esperava vê-lo -ele não aparece em público desde fevereiro,
quando os EUA e o governo iraquiano anunciaram um novo
plano de segurança para o Iraque. Mas ele colocou o tema anti-EUA na pauta do dia por
meio de documentos escritos.
No mais recente, divulgado
no domingo, Al Sadr pede à sua
milícia, o Exército Mahdi, que
redobre os esforços para expulsar as forças americanas e à polícia e ao Exército que se unam
para combater o arquiinimigo.
O foco é Diwaniya, cidade no
sul do país onde tropas dos
EUA lançaram uma ofensiva
contra a milícia de Al Sadr.
"Iraque independente"
O pedido do clérigo não explicita a luta armada contra os
EUA, mas é sua maior condenação da ocupação americana
desde o anúncio do plano de segurança -parte da estratégia
da Casa Branca, anunciada em
janeiro, de tentar garantir o
controle de Bagdá por meio do
aumento do número de soldados americanos na cidade.
"O inimigo que ocupa nosso
país agora está mirando a dignidade do povo iraquiano", disse
Nassar al Rubaie, chefe do bloco de Al Sadr no Parlamento.
"Depois de quatro anos de ocupação, há centenas de milhares
de mortos e feridos."
Um antigo funcionário da organização de Al Sadr em Najaf,
Salah al Obaydi, definiu a passeata como um "chamado para
a libertação". "Esperamos que,
no próximo aniversário, sejamos um Iraque independente,
com completa soberania."
O clérigo Abdelhadi al Mohammadawi, próximo a Al
Sadr, discursou: "Exigimos a
saída dos ocupantes".
Steven Boylan, porta-voz do
Exército americano, elogiou a
natureza pacífica do protesto,
dizendo que os iraquianos "não
poderiam fazer algo parecido
quatro anos atrás".
Mar de bandeiras
Muitos manifestantes dançavam enquanto o protesto
atravessava as ruas. Entre bandeiras tremulantes e cartazes
gigantes, manifestantes gritavam "Sim, sim ao Iraque" e
"Sim, sim a Moqtada. Ocupantes devem sair do Iraque".
Abdul Kerim al Mayahi, o
chefe da polícia de Najaf, disse
que eram 600 mil pessoas na
marcha. Soldados iraquianos
uniformizados se uniram à
multidão, liderada por uma dúzia de clérigos -incluindo um
sunita.
Em Bagdá, as ruas estavam
vazias por causa de uma proibição de dirigir por 24 horas, que
começou a vigorar às 5h (hora
local) de ontem. A capital ficou
silenciosa, as lojas foram fechadas e trancadas, e os relatos da
violência caíram quase a zero.
O chamado de resistência de
Al Sadr aconteceu enquanto o
comando militar americano no
Iraque anunciava a morte de
dez soldados em cinco ataques
durante o fim de semana, a
maior média por dois dias desde fevereiro. No domingo, 43
iraquianos foram mortos ou
encontrados mortos.
Com agências internacionais
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