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Companhia suíça vendeu reator nuclear ao país comunista; assessora sugere que secretário da Defesa não sabia
Empresa ligada a Rumsfeld ajudou Coréia
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
O secretário da Defesa dos EUA,
Donald Rumsfeld, participou da
direção de uma empresa suíça
que vendeu à Coréia do Norte, há
três anos, componentes e instruções de design para a montagem
de dois reatores atômicos no país.
O negócio fez parte de um contrato de US$ 200 milhões entre a
ABB (Asea Brown Boveri) e o governo de Pyongyang, considerado
hoje por Rumsfeld como "um regime terrorista" e incluído no "eixo do mal" do presidente George
W. Bush, junto com o Irã e o Iraque pré-guerra.
Segundo reportagem publicada
pelo jornal britânico "The Guardian", na época da operação, em
2000, Rumsfeld recebia US$ 190
mil (R$ 545 mil) por ano como
membro da direção da ABB, onde
trabalhou de 1990 a 2001.
Rumsfeld deixou a companhia
para integrar o governo Bush.
A Coréia do Norte é o segundo
país do chamado "eixo do mal" a
ter recebido, ainda que indiretamente, a ajuda de Rumsfeld no
passado. Rumsfeld ajudou pessoalmente o regime de Saddam
Hussein, em 1983 e 1984, na guerra contra o Irã. Na época, ele esteve duas vezes em Bagdá como enviado especial do então presidente americano, o republicano Ronald Reagan (1981-89).
A porta-voz do Pentágono, Victoria Clarke, disse que não houve
"nenhuma votação" de membros
da direção da ABB para dar um sinal verde para o negócio, dando a
entender que Rumsfeld não tomou conhecimento do tema.
Um porta-voz da empresa disse,
no entanto, que fazia parte da política da ABB informar a todos os
seus diretores sobre as operações
com equipamentos do tipo vendido à Coréia do Norte.
O negócio entre a ABB e a Coréia do Norte fez parte de uma política deliberada do ex-presidente
americano Bill Clinton (1993-01)
de cooperação com o país na tentativa de atrair os norte-coreanos
para uma relação amistosa com
os EUA.
Em troca, os EUA esperavam
obter a abertura total do país para
que as Nações Unidas pudessem
inspecionar os programas nucleares norte-coreanos.
Na época, vários membros do
Partido Republicano dos EUA
criticaram fortemente a estratégia
de Clinton, alertando que o tipo
de equipamento vendido aos norte-coreanos também poderia ser
usado para fins militares.
Os esforços diplomáticos dos
EUA, que incluíam ajuda econômica, foram abandonados por
Bush depois que ele assumiu a
Presidência, após revelação de
que a Coréia do Norte desenvolvia um projeto nuclear secreto.
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