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São Paulo, sábado, 10 de maio de 2003

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ÁSIA

Insegurança e desrespeito ao governo complicam reconstrução do país; Washington diz que Iraque não vai desviar sua atenção

Situação afegã piora, diz ONU; EUA prometem ajudar

DE NOVA YORK

Richard Armitage, subsecretário de Estado dos EUA, visitou ontem Cabul (Afeganistão) e disse que a reconstrução do Iraque não afetará a intenção de Washington de ajudar os afegãos a reconstruir seu país.
Armitage disse que os EUA não apóiam a idéia do enviado da ONU ao Afeganistão, Lakhdar Brahimi, de que soldados de manutenção da paz sejam enviados para além dos limites da capital.
Um ano e meio após a guerra vencida pelos EUA, a situação do Afeganistão se deteriora, a segurança é instável e a reconstrução corre perigo. A preocupação foi oficializada pelo Conselho de Segurança da ONU após ouvir o relato de seu enviado ao país.
"O processo todo está ameaçado pela piora no ambiente de segurança, com ataques e intimidações diários, conflitos entre facções, alta da atividade de elementos ligados ao Taleban e a economia das drogas", disse Brahimi.
Estabelecida pelo Conselho de Segurança após a Cúpula de Bonn, em 2001, a Força Internacional de Segurança, uma tropa de 5.000 soldados liderada por Alemanha e Holanda, controla basicamente a capital, Cabul -e mesmo lá o governo afegão tem enfrentado protestos da população, como na última terça-feira.
Em comunicado oficial, os membros do Conselho pedem medidas como a estruturação do Ministério da Defesa, com um Exército dotado de serviços de inteligência. Além disso, aponta a ONU, o país precisa de uma polícia nacional. A partir de agosto, a administração afegã terá ajuda de tropas da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte).
A maior força militar estrangeira no Afeganistão ainda é a das tropas americanas, mas elas não estão diretamente envolvidas na segurança do novo governo. Os 8.000 soldados dos EUA fazem parte de uma grupo de 11,5 mil homens, de 23 países, que se concentra na caçada a membros da Al Qaeda e do Taleban.
A posição do Conselho de Segurança vai ao encontro da defendida pela administração afegã e contra a dos EUA -no início do mês, o secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, disse que a operação militar estava próxima do fim.
Sem poder coercitivo nas mãos, o presidente afegão, Hamid Karzai, não consegue exercer autoridade sobre o país. Seis Províncias, por exemplo, têm desafiado sua proibição ao cultivo de ópio.
Em análise divulgada há duas semanas, o Council on Foreign Relations, instituto baseado em Nova York, apontou que os EUA subestimaram o nível de comprometimento que deveriam ter com o país no pós-guerra.
"O Afeganistão ensina que o governo Bush e a comunidade internacional devem ser realistas sobre o que pode ser conseguido no Iraque e em quanto tempo", afirma a análise.
"A reconstrução está se concentrando em projetos de pequena escala, como pontes e escolas. O Afeganistão vai precisar de ajuda externa por anos", escreveu o Council on Foreign Relations. O problema, lembra o instituto, é que a reconstrução iraquiana poderá desviar atenção e dinheiro dos EUA. (ROBERTO DIAS)


Com agências internacionais


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