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ÁSIA
Insegurança e desrespeito ao governo complicam reconstrução do país; Washington diz que Iraque não vai desviar sua atenção
Situação afegã piora, diz ONU; EUA prometem ajudar
DE NOVA YORK
Richard Armitage, subsecretário de Estado dos EUA, visitou
ontem Cabul (Afeganistão) e disse que a reconstrução do Iraque
não afetará a intenção de Washington de ajudar os afegãos a reconstruir seu país.
Armitage disse que os EUA não
apóiam a idéia do enviado da
ONU ao Afeganistão, Lakhdar
Brahimi, de que soldados de manutenção da paz sejam enviados
para além dos limites da capital.
Um ano e meio após a guerra
vencida pelos EUA, a situação do
Afeganistão se deteriora, a segurança é instável e a reconstrução
corre perigo. A preocupação foi
oficializada pelo Conselho de Segurança da ONU após ouvir o relato de seu enviado ao país.
"O processo todo está ameaçado pela piora no ambiente de segurança, com ataques e intimidações diários, conflitos entre facções, alta da atividade de elementos ligados ao Taleban e a economia das drogas", disse Brahimi.
Estabelecida pelo Conselho de
Segurança após a Cúpula de
Bonn, em 2001, a Força Internacional de Segurança, uma tropa
de 5.000 soldados liderada por
Alemanha e Holanda, controla
basicamente a capital, Cabul -e
mesmo lá o governo afegão tem
enfrentado protestos da população, como na última terça-feira.
Em comunicado oficial, os
membros do Conselho pedem
medidas como a estruturação do
Ministério da Defesa, com um
Exército dotado de serviços de inteligência. Além disso, aponta a
ONU, o país precisa de uma polícia nacional. A partir de agosto, a
administração afegã terá ajuda de
tropas da Otan (Organização do
Tratado do Atlântico Norte).
A maior força militar estrangeira no Afeganistão ainda é a das
tropas americanas, mas elas não
estão diretamente envolvidas na
segurança do novo governo. Os
8.000 soldados dos EUA fazem
parte de uma grupo de 11,5 mil
homens, de 23 países, que se concentra na caçada a membros da Al
Qaeda e do Taleban.
A posição do Conselho de Segurança vai ao encontro da defendida pela administração afegã e
contra a dos EUA -no início do
mês, o secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, disse que a operação militar estava próxima do fim.
Sem poder coercitivo nas mãos,
o presidente afegão, Hamid Karzai, não consegue exercer autoridade sobre o país. Seis Províncias,
por exemplo, têm desafiado sua
proibição ao cultivo de ópio.
Em análise divulgada há duas
semanas, o Council on Foreign
Relations, instituto baseado em
Nova York, apontou que os EUA
subestimaram o nível de comprometimento que deveriam ter com
o país no pós-guerra.
"O Afeganistão ensina que o governo Bush e a comunidade internacional devem ser realistas sobre
o que pode ser conseguido no Iraque e em quanto tempo", afirma a
análise.
"A reconstrução está se concentrando em projetos de pequena
escala, como pontes e escolas. O
Afeganistão vai precisar de ajuda
externa por anos", escreveu o
Council on Foreign Relations. O
problema, lembra o instituto, é
que a reconstrução iraquiana poderá desviar atenção e dinheiro
dos EUA.
(ROBERTO DIAS)
Com agências internacionais
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