UOL


São Paulo, sábado, 10 de maio de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TRAGÉDIA

Passageiros que voavam em um cargueiro russo foram expelidos do avião quando a porta se abriu durante o vôo

Porta abre e até 160 caem de avião no Congo

DA REDAÇÃO

Entre 130 e 160 pessoas que viajavam em um avião de carga russo na República Democrática do Congo (ex-Zaire) morreram depois que a porta traseira da aeronave abriu repentinamente durante o vôo e elas foram empurradas para fora pela pressão interna. O acidente, que será investigado, ocorreu na quinta-feira, mas só foi divulgado ontem, após a notificação das famílias das vítimas.
Os passageiros eram policiais e soldados que viajavam acompanhados por familiares entre a capital, Kinshasa, e Lubumbashi (sudeste), a segunda maior cidade do país, onde há uma base militar.
Após o acidente, que ocorreu cerca de 45 minutos após a decolagem, a tripulação conseguiu levar o avião de volta a Kinshasa e pousá-lo. Ainda não se sabe porque a porta se abriu. As condições do tempo em Mbuji-Mayi, cidade que a aeronave sobrevoava na hora do acidente, eram boas.
Os dados sobre o número de passageiros que estavam no avião de fabricação russa Ilyushin 76 são imprecisos. Sobreviventes falam que eram até 200 pessoas a bordo, enquanto os fabricantes da aeronave colocam o número de passageiros em 130 e o de tripulantes, todos russos, em sete.
O Ministério da Informação congolês não sabe quantas pessoas estavam a bordo e confirmou apenas sete mortes.
Sobreviventes afirmaram que no máximo 40 pessoas teriam conseguido se salvar. Segundo funcionários do aeroporto de Kinshasa, que pediram anonimato, haveria cerca de 130 mortos.
Um piloto militar congolês disse que alguns policiais teriam exigido embarcar na última hora, quando o avião já estava lotado.

Sobreviventes
"Havia umas 200 pessoas a bordo, policiais e suas famílias, mulheres e crianças", disse Prudent Mukalayi, um dos nove sobreviventes que convalescem no Hospital Geral de Kinshasa. "Eu estava dormindo, e as pessoas começaram a gritar. Quando acordei, o piloto mandou todo mundo ficar na parte dianteira do avião. Lá havia umas 40 pessoas, e algumas ainda foram expelidas."
Os sobreviventes se agarraram a cadeiras e a outras partes internas do avião para não serem empurrados para fora, enquanto outros passageiros e bagagens eram arrastados.
O avião, que em sua fuselagem tem pintado o logotipo das Linhas Aéreas Cargueiras Ucranianas, teria sido fretado para a viagem dos policiais. O modelo Ilyushin 76, um quadrimotor desenhado em 1971, é muito usado na África, no Oriente Médio e na China.
O uso de cargueiros no transporte de passageiros é comum no Congo. A aeronave é adaptada com alguns assentos, mas a maior parte dos passageiros viaja sentada no chão, na parte traseira do avião, em meio à bagagem.
Em fevereiro, um Ilyushin 76 se chocou contra montanhas no sudeste do Irã e matou os 276 passageiros, membros da força de elite iraniana Guarda Revolucionária, e os tripulantes no pior acidente aéreo da história do Irã.
Em janeiro de 1996, um avião de fabricação russa se chocou contra um mercado em Kinshasa que ficava próximo a uma pista de decolagem, matando cerca de mil pessoas.


Com agências internacionais


Texto Anterior: América Latina: "Amigos" da Venezuela não obtêm acordo
Próximo Texto: Panorâmica - Guerra ao terror: EUA enviam mais 30 presos a Guantánamo
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.