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Bento 16 visita mesquita e critica "manipulação" da fé
Em 2º dia da viagem à Jordânia, papa causa polêmica ao entrar de sapatos no templo
Pontífice refaz caminho de patriarca bíblico Moisés até o monte Nebo e destaca vínculo "inseparável" entre Igreja Católica e povo judeu
DA REDAÇÃO
No segundo dia de uma visita
ao Oriente Médio que tem entre seus objetivos reaproximar
catolicismo e islã, o papa Bento
16 causou polêmica ao entrar
de sapatos numa mesquita da
Jordânia, contrariando a tradição pela qual calçados, por carregarem impurezas, devem ser
deixados na porta.
O porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, negou que tenha havido desrespeito na visita à mesquita Rei Hussein bin
Talal, em Amã, a maior do país.
"Bento 16 estava preparado
para tirar os sapatos, mas seus
acompanhantes o fizeram passar por um percurso especial e
não pediram que ele se descalçasse", disse Lombardi.
O papa também não rezou na
mesquita, como havia feito em
uma visita à Turquia, em 2006.
O gesto, que fora uma forma de
diminuir as tensões por uma
polêmica que o papa criara ao
vincular islã e violência, havia
irritado alas mais conservadoras da Igreja Católica.
Fora da mesquita, o pontífice
alemão expressou ontem sua
"preocupação" com o fato de
que muitos considerem hoje a
religião "causa de divisão do
mundo e defendam que, quanto menos atenção se dê a ela na
vida pública, melhor".
"É claro que não se pode negar as tensões e divisões entre
os seguidores de diferentes religiões, mas o que acontece
muitas vezes é que a manipulação ideológica da religião, talvez por motivos políticos, é o
catalisador real das tensões e
das divisões, e, às vezes, da violência na sociedade", disse.
Horas antes de visitar a mesquita, o pontífice subiu o monte
Nebo, a sudoeste da capital jordaniana, onde lançou um apelo
conciliador aos judeus, revoltados com a decisão do Vaticano
de cancelar, no início deste ano,
a excomunhão do bispo ultraconservador Richard Williamson, que negava o Holocausto.
Recebido por cerca de 300
pessoas, Bento 16 percorreu o
caminho feito segundo a Bíblia
por Moisés -até avistar a Terra
Prometida- e afirmou que sua
viagem ao Oriente Médio é
uma lembrança do "vínculo inseparável" entre a Igreja Católica e o povo judeu.
"Que o nosso encontro hoje
nos inspire a renovar o amor
pela Sagrada Escritura e o desejo de superar todos os obstáculos de reconciliação entre cristãos e judeus em respeito mútuo e cooperação", disse.
Na véspera, o papa se propusera a mediar conversas de paz
entre os judeus de Israel e os
muçulmanos dos territórios
palestinos, próximas escalas de
sua viagem pela região, que vai
até a próxima sexta.
Com agências internacionais
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