São Paulo, segunda-feira, 10 de maio de 2010

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Casa Branca culpa Taleban paquistanês por atentado em NY

Secretário da Justiça diz ter provas de ligação "íntima" de radicais islâmicos com tentativa de ataque no dia 1º na Times Square

Segundo Washington, grupo financiou e orientou a ação perpetrada pelo paquistanês naturalizado americano Faisal Shahzad

William B. Plowman/NBC/Associated Press
O secretário Eric Holder, em entrevista à rede NBC em que aponta elo de Taleban em atentado

ANDREA MURTA
DE WASHINGTON

O governo dos EUA afirmou ontem ter provas de que o Taleban no Paquistão está por trás da tentativa malsucedida de ataque terrorista com um carro-bomba no último dia 1º na Times Square, importante centro turístico de Nova York.
Nos últimos dias, sinais contraditórios sobre tal elo confundiram autoridades. O braço paquistanês do grupo radical islâmico já havia assumido a autoria de "um ataque" em Nova York em vídeo na internet, mas a legitimidade da mensagem foi inicialmente questionada. Dias depois, membros do grupo negaram o elo.
A ação foi perpetrada por Faisal Shahzad, um paquistanês naturalizado americano que deixou um carro ligado carregado com explosivos, tanques de propano e gasolina em uma esquina próxima à Times Square na tarde do dia 1º.
Inicialmente, pensou-se que a ação fora obra de um terrorista isolado. Em entrevistas à TVs americanas no domingo, porém, o secretário da Justiça americano, Eric Holder, confirmou que o Taleban paquistanês está "intimamente envolvido" no atentado, orientando sua execução e financiando-o.
John Brennan, principal conselheiro da Casa Branca para contraterrorismo, também afirmou que Shahzad foi treinado pelo Taleban paquistanês.
O terrorista passou cinco meses no Paquistão e voltou aos EUA em fevereiro, após "receber dinheiro e basicamente ser enviado para realizar esse ataque", disse ele.
Agentes de inteligência americanos temem que o Taleban paquistanês tenha unido forças com a rede terrorista Al Qaeda e possa estar escondendo alguns de seus líderes, inclusive Osama bin Laden.
Antes do episódio na Times Square, porém, acreditava-se que o braço do grupo radical tinha pouca capacidade para realizar ataques nos EUA.
Brennan argumentou que o fato de o ataque não ter dado certo mostra que as ações dos EUA têm funcionado. "Conseguimos minar a capacidade de treinamento dos campos [terroristas] no sul asiático e na fronteira do Afeganistão e do Paquistão", disse ele na CNN. "Estão optando por ataques pouco sofisticados por causa dos duros golpes recebidos."
Brennan e Holder não especificaram que tipo de provas há sobre o elo entre o ataque e o Taleban. Shahzad disse após ser preso há uma semana que foi treinado no Waziristão do Norte, base do Taleban paquistanês e da Al Qaeda.

Direitos
Holder também defendeu a decisão de investigadores de demorar a informar Shahzad sobre o direito a um advogado e ao silêncio enquanto o interrogavam. Segundo ele, o governo dos EUA poderá limitar direitos no futuro sob uma "exceção de segurança pública".
Para alguns analistas, Shahzad deve ser tratado como "combatente inimigo", perdendo direitos de presos comuns.
Ainda ontem, outro paquistanês, um engenheiro civil, foi detido sob suspeita de terrorismo enquanto tentava embarcar para Omã em um aeroporto de Karachi, no Paquistão.
O detido foi flagrado em máquinas de scanner quando tentava entrar no voo com baterias e um circuito elétrico escondidos em seus sapatos.
Não foram achados explosivos, mas um porta-voz do aeroporto disse que o porte do circuito elétrico é "preocupante".


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