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CORRIDA ARMAMENTISTA
Instituto registra US$ 956 bilhões em despesas na área em 2003; EUA respondem por 47% do total
Gasto militar atinge nível da Guerra Fria
DA REDAÇÃO
O Instituto Internacional de
Pesquisas para a Paz de Estocolmo (Sipri), na Suécia, declarou
ontem que os gastos militares
mundiais aumentaram 11% em
2003, chegando a US$ 956 bilhões.
Desse total, quase a metade (47%)
foi gasta pelos EUA para pagar
por suas missões no Iraque e no
Afeganistão e para financiar a sua
"guerra contra o terrorismo".
O instituto qualificou o aumento de "extraordinário". Em relação a 2001, 2002 registrou um aumento de 6,5%. O valor em 2003
também representou um aumento de 18% em relação a 2001. A cifra corresponde a 2,7% do PIB
mundial. "É muito perto do pico
alcançado em 1987, durante a
Guerra Fria", comentou a pesquisadora do Sipri Elisabeth Skoens.
A alta nos gastos com defesa se
deu no mesmo ano em que o número de conflitos mundiais caiu
para 19, o segundo menor desde
que o Sipri começou a divulgar
seus relatórios, 35 anos atrás. O
relatório também observa que no
ano passado foram iniciadas 14
missões de paz, o maior número
desde o fim da Guerra Fria, na década de 1990.
Skoens disse que os gastos podem diminuir, especialmente nos
EUA, mas apenas quando os contribuintes acharem que o valor
gasto já é o suficiente.
O relatório também observa
que as tentativas de impedir a
proliferação de armas nucleares
foram prejudicadas quando a Coréia do Norte retirou-se do Tratado de Não-Proliferação, no ano
passado, e cita o fato de, aparentemente, o Irã possuir material e informações nucleares.
O pesquisador Richard Guthrie
disse que, contrabalançando o aumento dos gastos, houve o fato de
a Líbia ter reconhecido que estava
desenvolvendo um programa nuclear próprio e optado por abandoná-lo de maneira voluntária.
Guthrie declarou que, embora a
invasão do Iraque possa ter servido como aviso para outros países
que possuam armas de destruição
em massa, ela também pode exercer efeito contrário em outros,
que podem enxergar o aumento
de seus arsenais como a única
maneira de prevenir uma mudança forçada de regime.
Quanto à Coréia do Norte,
Shannon Kile, que acompanha as
questões nucleares para o instituto, disse que é pouco provável que
o país abra mão das armas nucleares, como fez a Líbia. "No
contexto do modelo líbio, francamente, o grupinho de generais
idosos que cerca Kim Jong-Il fez
os mesmos cálculos de custo-benefício algum tempo atrás, mas
concluiu que os benefícios de se
possuir armas nucleares são
maiores do que as desvantagens
de não tê-las", disse o pesquisador, que visitou a Coréia do Norte
em 2002.
O Sipri também mencionou os
temores de que as pesquisas em
biotecnologia, especialmente na
área dos genes humanos, possam
levar ao desenvolvimento de uma
nova classe de armas biológicas.
Em seu relatório anual, o instituto
disse que "o livre acesso ao seqüenciamento genético do genoma humano e de um grande número de outros genomas, incluindo os de microorganismos patogênicos, constitui um grande recurso científico, mas, se for mal
utilizado, pode representar uma
ameaça significativa".
O relatório disse que a invasão
do Iraque, em março de 2003,
destacou a eficácia letal das Forças
Armadas americanas, mas que a
ocupação do pós-guerra, na qual
centenas de soldados da coalizão
já foram mortos em ataques de insurgentes, deixa claro que o controle no Iraque é precário.
"A violência em curso no Iraque
e as disputas contínuas entre os
grupos políticos, religiosos e étnicos do país podem resultar na
continuação da instabilidade no
Iraque", ponderou Andrew Cottey, cujo relatório detalhou os
efeitos da invasão e do pós-guerra. Ele afirmou que a instabilidade
no Iraque pode se espalhar e levar
o conflito entre grupos étnicos e
religiosos a países vizinhos.
Com agências internacionais
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