São Paulo, sábado, 10 de junho de 2006

Próximo Texto | Índice

Hamas rompe trégua após ataque de Israel contra civis

Milícia promete retomar violência em resposta à ofensiva que matou 14 em Gaza

Israel lamenta bombardeio, que visava deter disparos de foguetes e, por razão ainda ignorada, atingiu reunião familiar numa praia lotada


DA REDAÇÃO

Uma série de ataques aéreos de Israel contra a faixa de Gaza matou ontem pelo menos 14 palestinos, sete deles civis. Os bombardeios, somados à morte anteontem de Jamal Abu Samhadana, um dos mais influentes líderes palestinos e membro do governo do Hamas, levou o braço armado do grupo terrorista a anunciar a retomada dos ataques contra Israel, suspensos desde fevereiro do ano passado.
"O terremoto nas cidades sionistas vai recomeçar", diz um comunicado do Hamas. "Os grupos de resistência vão escolher o lugar e a ocasião oportunos para responder aos ataques criminosos de Israel."
O primeiro dos bombardeios israelenses matou dez palestinos, incluindo um casal e seus três filhos pequenos, que participavam de um piquenique em uma movimentada praia da faixa de Gaza. Foi o ataque que mais matou palestinos desde 2004, segundo Autoridade Nacional Palestina (ANP). Outras 40 pessoas ficaram feridas.
Segundo o Exército israelense, o objetivo era atingir áreas de onde haviam sido lançados, pouco antes, mísseis contra seu território. O chefe do comando militar israelense, Yoav Galant, disse que um "erro" pode ter ocorrido. "Não atiramos contra uma praia onde havia inocentes. Estamos investigando duas possibilidades: um bombardeio contra o alvo errado ou um incidente independente no qual não estamos envolvidos", disse.
O Exército suspendeu os ataques a Gaza enquanto o caso é investigado. Um outro bombardeio acertou um carro no qual, segundo seu Exército, estavam palestinos que haviam lançado os mísseis. Três pessoas de uma mesma família foram mortas. Um terceiro ataque, também contra um carro, deixou dezenas de feridos.
Os bombardeios foram classificados pelo presidente palestino, Mahmoud Abbas, como um massacre: "O que as forças de ocupação israelenses fazem na faixa de Gaza constitui uma guerra de extermínio e um massacre sangrento contra o nosso povo", acusou.
Abbas, do grupo Fatah, deve anunciar hoje um plebiscito para o dia 31 de julho, defendendo a coexistência com Israel. O Hamas é contra a idéia. Com as mortes de ontem, chega a 5.092 -80% palestinos- o número de mortos desde que recomeçou a Intifada, o levante palestino contra Israel, em 2000.
O primeiro-ministro Ismail Haniyeh, do Hamas, afirmou, em visita aos feridos, que o ataque israelense foi um "crime de guerra". As mortes ocorreram no mesmo dia em que Haniyeh fez um apelo a Abbas para abandonar a proposta do plebiscito. Para Haniyeh, a proposta não tem "base legal nem constitucional".
Morto por Israel na quinta-feira, Jamal Abu Samhadana, chefe dos CRP -responsáveis por vários ataques contra Israel- encabeçava uma lista de procurados. Foi o primeiro integrante do governo do Hamas morto por Israel desde que o grupo assumiu o poder.


Com agências internacionais

Próximo Texto: Al Qaeda discute legado de Zarqawi
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.