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Brasil recusa 60% dos pedidos de refúgio
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo brasileiro recusa
cerca de 60% (o número exato
não é informado) de aproximadamente 400 pedidos de refúgio solicitados todos os anos
por pessoas que fogem de perseguição religiosa, cultural, étnica, racial ou política. O número foi divulgado ontem pelo Acnur (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados) e
confirmado pelo Conare (Conselho Nacional de Refugiados),
do Ministério da Justiça.
O alto número de negativas
se justifica, de acordo com o representante da Acnur no Brasil,
Luis Varese, pelo fato de a
maioria absoluta dos que buscam refúgio procurarem, na
verdade, melhores oportunidades econômicas do que as de
seus países.
Grosso modo, segundo a legislação brasileira, vista como
uma das mais avançadas do
mundo pela ONU, são reconhecidos como refugiados aqueles
que fogem e não podem voltar a
seus países de origem.
Os dados divulgados ontem
pela ONU são de dezembro do
ano passado. Naquela data, havia 3.458 refugiados no país.
Até ontem, o número havia subido para 3.500, segundo a assessoria de imprensa do Ministério da Justiça. A pasta também incluiu dados deste ano.
Destes, cerca de 90% são africanos. Os 10% restantes têm
cerca de 70 nacionalidades diferentes ou são apátridas -há
hoje 91 pessoas nessa condição
vivendo no Brasil, na maioria
dos casos, palestinas.
Sexo
Uma grande diferença no
perfil do refugiado no Brasil é o
sexo. Enquanto no mundo 73%
dos que pedem refúgio são mulheres e crianças, no Brasil dá-se quase o inverso: cerca de
80% são homens, segundo o
ministério.
Já para a ONU as mulheres
chegam a 25% desse universo, e
as crianças e os jovens que ainda não completaram 18 anos
são 9%.
Outros indicadores compilados pela agência das Nações
Unidas não são aplicados no
Brasil. O Acnur contabiliza
quantas pessoas se deslocam
forçosamente dentro de seus
próprios países por medo de
violência generalizada ou violações de direitos humanos. Mesmo ciente do conflito de terras
entre grileiros e trabalhadores
no Norte do país e da criminalidade no Sudeste e Nordeste,
Varese disse ontem que esse tipo de deslocamento não ocorre
no país.
A ONU ainda conta cerca de
300 brasileiros como refugiados na Europa.
São remanescentes do êxodo
causado pela perseguição política empreendida durante a ditadura militar nas décadas de
1960 e 1970. Em tese, todos poderiam voltar ao país desde a
Lei de Anistia, de 1979.
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