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Gasto militar global cresce 45% em dez anos
No ano passado, despesa equivaleu a US$ 202 por habitante do planeta, afirma instituto financiado pelo governo sueco
Gastos dos EUA foram em 2007 os maiores desde 2ª Guerra; com crescimento econômico, Rússia e Chinam reforçam as suas defesas
DA REDAÇÃO
Os gastos militares mundiais
tiveram um crescimento real
de 45% nos últimos dez anos,
afirma estudo divulgado ontem
pelo respeitado Instituto Internacional de Pesquisa da Paz de
Estocolmo (Sipri, na sigla em
inglês). A tendência de expansão continua, afirma o instituto, financiado pelo governo
sueco. Entre 2006 e 2007, o aumento médio dos orçamentos
militares dos países foi de 6%.
Os analistas do Sipri citam as
guerras americanas no Afeganistão e no Iraque e o aumento
das despesas com defesa de
Rússia e China entre os principais fatores que levaram ao
crescimento dos gastos militares entre 1998 e 2007. A participação em forças de paz -61
operações foram conduzidas
em 2007, o maior número desde 1999- é outra razão que explica a tendência, diz o Sipri.
O aumento entre 1998 e 2007
reverte tendência do decênio
posterior ao fim da Guerra Fria,
quando a redução do orçamento militar russo após a dissolução da União Soviética foi a
principal responsável pela queda de um terço nos gastos militares globais entre 1988 e 1997,
segundo o instituto.
O valor destinado aos gastos
com defesa em 2007 -estimado em US$ 1,339 trilhão- equivale a US$ 202 por habitante do
planeta, calcula o Sipri.
Crescimento e defesa
O relatório destaca como
uma marca do período "a confiança restaurada da Rússia e
suas aspirações de status igual
em questões de segurança", impulsionada pela subida do preço do petróleo e do gás, que encimam a pauta russa de exportações. Só em 2007 os gastos
militares do país aumentaram
13% em relação a 2006.
No entanto, diz o relatório, "a
Rússia parece ansiosa para
manter relações de cooperação
com o Ocidente e não deve desafiá-lo com força excessiva".
A China, que manteve crescimento anual médio próximo de
10% nos últimos anos, também
usou parte dessa renda em seus
gastos militares, que triplicaram em termos reais entre 1998
e 2007, diz o Sipri. Mas as despesas ainda correspondem a
apenas 2,1% do PIB (Produto
Interno Bruto) chinês, uma
proporção considerada "moderada", menor do que a média
mundial, de 2,5% do PIB.
Os gastos militares americanos atingiram em 2007 o nível
mais alto em termos absolutos
desde a Segunda Guerra Mundial, embora não em relação ao
PIB do país. Após um período
de crescimento moderado, o
orçamento do Pentágono aumentou rapidamente a partir
de 2001, quando teve início a
chamada "guerra ao terror",
após os atentados do 11 de Setembro, e já é 59% maior do que
naquele ano.
Embora as operações no Iraque e no Afeganistão respondam pela maior parte do crescimento, o relatório aponta um
inchaço do "orçamento básico"
do Departamento da Defesa.
Para o Sipri, avanços no controle global de armamentos dependerão, em grande medida,
da transição de poder no país a
partir das eleições presidenciais de novembro. Os EUA,
país que mais exporta armas,
são responsáveis por 45% dos
gastos militares mundiais.
Exportações de armas
Segundo o relatório do Sipri,
as transferências internacionais de armas -por meio de
venda, convênios e acordos de
cooperação- aumentaram 7%
entre 2002 e 2006. Estados
Unidos, Rússia, França, Reino
Unido e Alemanha são responsáveis por 80% das transações.
Entre os principais compradores de armas entre os anos de
2003 e 2007 estão a Coréia do
Sul, a China, a Turquia, a Grécia, a Índia, Israel, a Arábia Saudita e a África do Sul. Na América do Sul, são citados entre os
principais compradores a Venezuela e o Chile.
O Brasil aparece na lista do
Sipri com o 12º maior gasto militar do mundo -o relatório inclui todo o orçamento da defesa, incluindo aposentadorias e
pensões militares-, mas não
está entre os principais compradores de armamentos.
A China foi responsável pela
compra de quase metade das
armas vendidas pela Rússia entre 2003 e 2007, seguida de Índia, Venezuela e Argélia. A lista
americana é liderada pela Coréia de Sul e por Israel, seguidos pelos Emirados Árabes.
O relatório chama a atenção
para regiões capazes de alimentar o aumento dos gastos militares. Entre elas, o sul do Cáucaso, onde Armênia, Azerbaijão
e Geórgia vêm usando as receitas do gás e do petróleo para
comprar armas. A Arábia Saudita também reforçou sua defesa graças ao preço do petróleo.
Leia o sumário em inglês do relatório em www.sipri.org.
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