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Américas precisam entender ameaça do Irã, diz israelense
Vice-chanceler esteve na cúpula da OEA para "reiniciar" contatos com a região
Em entrevista à Folha, Danny
Ayalon mostra descrença com a possibilidade de que abertura diplomática de Obama a Teerã dê resultado
CLAUDIA ANTUNES
ENVIADA ESPECIAL A SAN PEDRO SULA (HONDURAS)
Na semana passada, enquanto os países da OEA (Organização dos Estados Americanos)
se voltavam à questão da reintegração cubana, o vice-ministro do Exterior de Israel,
Danny Ayalon, acompanhou a
Assembleia Geral dos chanceleres da entidade, em Honduras, para "reiniciar" os contatos
com a região.
Ayalon, ex-embaixador nos
EUA, veio como emissário do
chanceler Avigdor Liberman,
do partido ultradireitista Israel
Beitenu, que tem visita prevista
para julho à América Latina, incluindo o Brasil.
Em entrevista à Folha, o vice-chanceler se disse preocupado com as relações de países
da região com o Irã -cuja eleição presidencial acontece depois de amanhã- e mostrou
descrença em relação ao resultado de possíveis negociações
entre a Casa Branca de Barack
Obama e o governo iraniano.
Abaixo, trechos da entrevista.
FOLHA - O Brasil iria receber a visita
do presidente iraniano Mahmoud
Ahmadinejad, depois cancelada. A
posição do governo brasileiro é a de
que o melhor modo de lidar com
questões como a do programa nuclear do Irã é por meio do engajamento, não do isolamento do país.
Como o sr. avalia essa posição?
DANNY AYALON - O engajamento
é sempre o modo preferido de
operação. Por mais de uma década houve tentativas dos EUA
e da Europa de negociar com o
Irã, mas eles não concordaram
em suspender o enriquecimento de urânio.
Nós esperamos que Obama
seja bem-sucedido, mas o fato é
que os iranianos não respondem à aproximação e estão correndo para atingir o domínio da
capacidade nuclear.
Na minha opinião, é uma última tentativa. Do contrário, os
iranianos vão sofrer sanções
muito estritas. Já passou da hora de uma abordagem unificada
do problema. Mas, se eles têm
amigos como a Venezuela, será
mais difícil. Esperamos que haja mais consciência da ameaça
iraniana para o continente.
FOLHA - Esperam-se de Israel medidas concretas para resolver a
questão palestina. Seu governo resiste a congelar os assentamentos
na Cisjordânia. O que o senhor pode
dizer sobre essa questão?
AYALON - Resolver o problema
palestino também é nosso interesse vital. Estamos prontos
para a paz, como sempre, e já fizemos grandes concessões.
Quando tivemos um parceiro
como [Anwar] Sadat, no Egito,
demos todo o Sinai [ocupado
por Israel na Guerra dos Seis
Dias, em 1967] em troca da paz.
Infelizmente, esse não é o caso
com os palestinos. Os assentamentos se tornaram um símbolo, mas eles não são realmente
um obstáculo, porque entre
1948 [ano da criação de Israel] e
1967 não havia assentamentos
e não havia paz.
Estamos dispostos a avançar
por várias vias. Em primeiro lugar, é preciso que os palestinos
tenham forças de segurança
que possam combater o terror e
instituições democráticas que
estabeleçam o Estado de Direito. Não queremos mais um Estado terrorista ou mais um Estado fracassado na região.
A segunda via é econômica,
queremos atrair petrodólares
dos países árabes para as áreas
palestinas. A terceira é o diálogo político, que podemos começar amanhã, sem precondições.
Mas até agora os palestinos não
vieram à mesa, insistem em pôr
o foco nos assentamentos.
FOLHA - Quais serão as prioridades
da visita de Liberman?
AYALON - O Brasil é uma de
nossas prioridades. Reconhecemos a liderança do país e estamos incrementando nossas
relações. Por isso reabrimos
nosso consulado em São Paulo
e temos agora voos diretos.
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