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Vencedor aposta em tom conciliador no Líbano
Provável futuro premiê, Saad Hariri nega rótulo de pró-Ocidente e não se compromete a desarmar Hizbollah
DO "FINANCIAL TIMES", EM BEIRUTE
Líder da coalizão vencedora
das eleições legislativas no Líbano no último domingo, Saad
Hariri manteve ontem em entrevista ao "Financial Times"
um tom conciliador em relação
a seus adversários, que incluem
a mistura de partido e milícia
xiita Hizbollah.
"O que precisamos fazer é
tranquilizar alguns partidos
com relação a determinadas
questões e buscar um governo
que consiga realizar concretamente", disse Hariri em seu gabinete na zona oeste de Beirute. O Hizbollah, apoiado pela
Síria e pelo Irã, já deixou claro
repetidas vezes que suspeita
que o bloco 14 de Março, de Hariri, queira promover seu desarmamento, atendendo a exigências internacionais.
O Hizbollah e seus aliados
aceitaram os resultados da eleição, na qual obtiveram 57 cadeiras no Parlamento unicameral, contra 71 da coalizão liderada por Hariri. Mas várias
figuras da oposição exigem a
manutenção do acordo pelo
qual seu bloco, o 8 de Março,
detém poder de veto sobre decisões importantes. Hariri e
seus aliados discordam da exigência, porque, no último Parlamento, esse acordo obstruiu
avanços em reformas políticas
e econômicas e resultou em impasses em nomeações.
Hariri vem procurando
amainar a discussão em torno
do desarmamento do Hizbollah, que alguns veem como
fundamental para a estabilidade do país. "Acho que precisamos reduzir a temperatura em
relação às divisões", disse ele,
observando que todos os partidos estão engajados num diálogo sob a égide do presidente
Michel Suleiman.
Enquanto se prepara para
negociações com a oposição,
Hariri procura distanciar-se do
rótulo de pró-ocidental que lhe
foi colocado. Com relação às armas do Hizbollah, ele pôs o
ônus sobre Israel ao dizer que o
país obstrui a paz na região.
"Se olharmos para o que chegou de Israel relativo às eleições no Líbano, foi absolutamente ridículo", disse Hariri.
"Um dia eles dizem que, se o
Hizbollah vencer, será uma declaração de guerra. No dia seguinte, quando descobrem que
vencemos, somos pró-ocidentais. Não somos pró-Ocidente,
somos pró-Líbano."
Hariri disse ontem que não
hesitará em aceitar o cargo de
primeiro-ministro, que recusou quando seu bloco venceu as
eleições em 2005. "Em 2005, o
momento era difícil. Foi após o
assassinato de meu pai [o primeiro-ministro Rafik Hariri].
Aprendi muito. Acho que o
Saad Hariri de quatro anos
atrás era diferente do de hoje."
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