|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Elo israelense pesa no bastidor da decisão
MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM
A possibilidade de um ataque militar israelense às instalações nucleares do Irã,
mesmo que raramente mencionada publicamente como
parte da barganha diplomática, permeou a campanha
americana por novas sanções na ONU.
Para o cientista político
Gerald Steinberg, está claro
que entre os argumentos
americanos para convencer
Rússia e China a apoiar as
sanções havia uma advertência de que a alternativa poderia ser bem pior.
"Um ataque israelense ao
Irã teria consequências econômicas devastadoras, principalmente para a China",
afirma Steinberg, especialista em resolução de conflitos
da Universidade Bar Ilan.
A suposição é a de que o
Irã fecharia o estreito de Ormuz, por onde passa 25% do
petróleo mundial, causando
uma disparada nos preços.
A China seria diretamente
afetada -metade do óleo que
alimenta sua sedenta economia vem do Oriente Médio.
A cartada deu ao pequeno
Israel um desproporcional
poder de barganha diante da
poderosa China.
No começo do ano, uma
delegação que incluiu o economista Stanley Fischer, presidente do Banco Central israelense, foi a Pequim fazer
uma projeção dos danos que
um bombardeio ao Irã causariam à economia chinesa.
Embora afirme preferir
uma solução diplomática, o
governo de Israel mantém
nas entrelinhas a ameaça de
um ataque como último recurso para impedir que o Irã
tenha a bomba.
Diplomatas israelenses
admitem que a hipótese é
lembrada sutilmente para
persuadir chefes de Estado
em visita a Israel, e que o ritual aconteceu na recente
passagem do presidente Lula
ao país, em março.
"Se o governo concluir que
sanções não são suficientes
para parar a bomba, certamente o risco de ataque aumentará", diz Alon Liel, veterano diplomata israelense.
O pacto Brasil-Turquia-Irã
é visto amplamente em Israel
como um truque de Teerã.
Shlomo Avineri, cientista
político da Universidade de
Jerusalém, acha que Lula fez
uma jogada arriscada: ajudou o Irã a ganhar tempo e
pode ter tornado mais próximo um confronto militar.
"Aliar-se ao Irã de hoje é
como aliar-se aos fascistas
nos anos 30", critica Avineri,
um dos mais respeitados
cientistas políticos do país.
Texto Anterior: Irã: Sanções são como lixo, diz Ahmadinejad Próximo Texto: Repercussão Índice
|