São Paulo, sexta-feira, 10 de junho de 2011

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"Já passou da hora de palestinos terem seu próprio Estado"

Secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon diz que está preocupado com a falta de avanço nas negociações

Em setembro, deve ser votada pela Assembleia Geral da ONU proposta de reconhecimento para o Estado palestino


DE NOVA YORK

A seguir, Ban Ki-moon fala sobre negociações entre israelenses e palestinos, a situação na Líbia e a reforma do Conselho de Segurança.

 

Folha - O que é preciso para que as negociações entre Israel e palestinos avancem?
Ban Ki-moon -
Eu acredito que os palestinos têm o direito legítimo de ter um Estado independente e viável, já passou da hora de isso acontecer. Ao mesmo tempo, estou preocupado que as negociações de paz no Oriente Médio não tenham feito nenhum progresso. É importante que eles se engajem em negociações mais sérias e significativas para tornar real esta visão de dois Estados, em que palestinos e israelenses possam viver lado a lado, em paz e segurança. É o cenário ideal.

O sr. vê a possibilidade de avanço?
Precisamos aguardar.

O CS aprovou a resolução 1973 há três meses contra a Líbia. O sr. acredita que a situação melhorou no país com essa decisão?
Com as resoluções 1970 e 1973, as Nações Unidas conseguiram proteger as vidas de milhares de pessoas, que, de outro modo, poderiam estar mortas. O coronel [Muammar] Gaddafi vem cometendo assassinatos indiscriminados e é por isso que o CS tomou medidas rápidas.
Como Gaddafi é a única pessoa que esteve no poder, uma vez que ele sair, precisamos ajudar os líbios a elaborar sua Constituição, a estabelecer o Estado de Direito e a fortalecer suas instituições.

O sr. vê Gaddafi deixando o poder?
Todos os líderes mundiais disseram que ele perdeu a legitimidade, muitos deles pediram a sua saída. Infelizmente ele não está ouvindo aos chamados da comunidade internacional e não está tomando atitudes responsáveis para o seu povo. O Conselho Nacional de Transição foi estabelecido em Benghazi e reconhecido por diversos países. É preciso que exista diálogo.

É preciso novas resoluções?
Eu acho que não é uma questão de se precisamos mais resoluções, mas de quanto tempo vai demorar para Gaddafi e seu regime cumprirem integralmente essas resoluções.

Um dos pontos que interessam muito ao Brasil é a reforma do Conselho de Segurança da ONU. Qual a sua opinião sobre o assunto?
Eu espero sinceramente que a reforma do CS seja feita o mais rápido possível. Ela está muito atrasada, levando em conta essas mudanças dramáticas e significativas que ocorreram na comunidade internacional.
A reforma do CS deve torná-lo mais democrático e representativo, refletindo os emergentes.

O sr. acha que essa reforma pode ser aprovada ainda neste ano?
Eu não posso prever, a Assembleia Geral é quem está envolvida nas negociações.


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