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ELEIÇÃO NOS EUA
Comitê diz que CIA errou sobre armas de destruição em massa de Saddam, mas não acusa Bush diretamente
Razões da guerra eram falsas, diz Senado
DA REUTERS
As principais afirmações dos
EUA que levaram à invasão do
Iraque, segundo as quais o ex-ditador Saddam Hussein tinha armas químicas e biológicas e buscava dotar-se de armamentos nucleares, eram infundadas ou baseadas em análises falsas ou exageradas da CIA (serviço de inteligência), segundo um relatório do
Comitê de Inteligência do Senado
dos EUA divulgado ontem.
Num texto bastante crítico, o
comitê mostrou inúmeras falhas
das agências de inteligência no
que tange a seus relatórios sobre
as supostas armas de destruição
em massa iraquianas. Estas foram
a principal justificativa apontada
por George W. Bush para apoiar
sua intenção de invadir o Iraque,
em 2003. Até agora, as supostas
armas de Saddam não foram encontradas no Iraque.
Contatos ocorridos entre o regime deposto iraquiano e a rede terrorista Al Qaeda na década passada nunca levaram a uma relação
formal entre ambos, e não há provas de que o Iraque tenha ajudado
a rede a realizar ataques terroristas, de acordo com o relatório do
comitê, que é bipartidário.
Por outro lado, o texto afirma
que o comitê não encontrou provas de que a Casa Branca tenha
tentado pressionar analistas da
CIA a chegar a conclusões preestabelecidas. "O comitê não encontrou nenhum indício de que
funcionários do governo tentaram coagir os analistas ou pressioná-los a mudar seu julgamento
sobre as armas de destruição em
massa do Iraque", diz o texto do
comitê do Senado.
Mesmo assim, a divulgação do
relatório serviu para esquentar
ainda mais a campanha eleitoral,
e os democratas acusaram o governo Bush de exagerar as informações que tinha para justificar a
Guerra do Iraque.
"É inegável que, em questões de
segurança nacional, a responsabilidade pelas decisões é da Casa
Branca. Assim, é perturbador que
a Casa Branca continue a culpar
exclusivamente as agências de inteligência pelo ocorrido e não assuma seus próprios erros", afirmou Mark Kitchens, porta-voz do
virtual candidato democrata à
Presidência, John Kerry.
Os republicanos não deixaram
de defender-se. O próprio Bush,
que estava num evento de campanha na Pensilvânia, admitiu que
houve falhas de inteligência e de
informação, mas reiterou que
Saddam representava uma ameaça suficientemente grande para
justificar sua deposição. "Escolhi
defender o país. Faria exatamente
a mesma coisa agora", afirmou o
presidente dos EUA.
O debate deverá ficar ainda
mais acalorado nas próximas semanas, já que centenas de soldados dos EUA já morreram no Iraque e bilhões de dólares dos contribuintes americanos foram utilizados numa guerra cujo principal
objetivo era impedir que Saddam
usasse suas supostas armas de
destruição em massa.
A segunda parte da investigação
do comitê do Senado, que diz respeito ao modo como o governo
usou as informações recebidas
dos serviços de inteligência, não
deverá ser divulgada antes da eleição presidencial deste ano. Ela
ocorrerá em 2 de novembro.
Segundo o relatório divulgado
ontem, as agências de inteligência
dos EUA confiaram demais em
fontes suspeitas, como exilados
iraquianos, em serviços de inteligência de outros países, o que gerou a distribuição de informações
não comprovadas.
O diretor da CIA, George Tenet,
deixará seu posto no domingo
"por razões pessoais". Seu substituto, John McLaughlin, defendeu
a agência e disse que o relatório
do Senado é "exagerado".
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