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Casa Branca veta depoimento de assessoras
SHERYL GAY STOLBERG
DO "NEW YORK TIMES"
O presidente Bush, invocando pela segunda vez o "privilégio executivo" em seu confronto com o Congresso, anunciou ontem que não autorizaria que
duas ex-assessoras importantes atendessem a intimações do
Legislativo para depor sob juramento na investigação do caso
da demissão, supostamente por
razões político-partidárias, de
promotores federais.
A oposição democrata tem
maioria no Congresso americano desde as eleições legislativas
do ano passado.
O assessor jurídico de Bush,
Fred Fielding, declarou em carta aos presidentes das comissões de Justiça da Câmara e do
Senado que os ramos Executivo
e Legislativo do governo haviam chegado a um impasse.
Fielding escreveu que o presidente havia instruído as duas
assessoras -Sara Taylor, ex-diretora política da Casa Branca,
e Harriet Myers, ex-assessora
jurídica da Presidência- a não
prestarem depoimento.
"Conselhos francos"
"A afirmação do privilégio
executivo neste caso tem por
objetivo proteger um interesse
fundamental da Presidência: a
necessidade de que um presidente receba conselhos francos
de seus assessores, e que esses
assessores possam se comunicar livre e abertamente com o
presidente", escreveu Fielding.
A decisão não surgiu como
surpresa. Bush havia declarado
no mês passado que não tinha
intenção de permitir que Miers
ou Taylor testemunhassem.
Na ocasião, o presidente propôs que as duas assessoras, bem
como outros de seus principais
auxiliares -entre os quais Karl
Rove, seu principal estrategista
político- concedessem entrevistas aos legisladores, desde
que não o fizessem sob juramento e que suas declarações
não fossem transcritas. Os líderes democratas do Congresso
rejeitaram a proposta, mas
Bush a repetiu ontem.
Confronto entre Poderes
A mais recente recusa em
cumprir as intimações eleva a
tensão em um confronto já severo entre Executivo e Legislativo e torna mais provável que
as duas partes terminem recorrendo à Justiça.
Os democratas do Congresso
estão tentando determinar
quem solicitou que nove promotores federais fossem demitidos e qual era o motivo para a
atitude. Eles desejam saber se
funcionários da Casa Branca,
como Rove, interferiram nas
decisões de contratação e demissão do Departamento da
Justiça por motivos políticos,
ou talvez para bloquear determinadas investigações.
No mês passado, Bush disse
que não atenderia às intimações para entregar documentos
relativos ao caso. Naquela ocasião, os presidentes das comissões de Justiça -deputado
John Conyers, do Michigan, e
senador Patrick Leahy, de Vermont, ambos democratas- escreveram a Fielding para se
queixar de que o presidente
não estava agindo de boa fé.
Em sua carta de ontem, Fielding se queixou do tom empregado pelos democratas, dizendo que gostaria de lhes transmitir "uma nota de preocupação quanto à direção aparente
de sua carta no que tange ao
tratamento de situação dessa
gravidade". Mas Leahy, antecipando a decisão anunciada ontem, no final de semana divulgou um comunicado acusando a Casa Branca de bloquear a investigação.
"A Casa Branca continua tentando conciliar o inconciliável,
ao impedir que o Congresso interrogue testemunhas e obtenha documentos e outras provas enquanto alega que nada de indevido ocorreu", afirmou.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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