São Paulo, terça-feira, 10 de julho de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Casa Branca veta depoimento de assessoras

SHERYL GAY STOLBERG
DO "NEW YORK TIMES"

O presidente Bush, invocando pela segunda vez o "privilégio executivo" em seu confronto com o Congresso, anunciou ontem que não autorizaria que duas ex-assessoras importantes atendessem a intimações do Legislativo para depor sob juramento na investigação do caso da demissão, supostamente por razões político-partidárias, de promotores federais.
A oposição democrata tem maioria no Congresso americano desde as eleições legislativas do ano passado.
O assessor jurídico de Bush, Fred Fielding, declarou em carta aos presidentes das comissões de Justiça da Câmara e do Senado que os ramos Executivo e Legislativo do governo haviam chegado a um impasse.
Fielding escreveu que o presidente havia instruído as duas assessoras -Sara Taylor, ex-diretora política da Casa Branca, e Harriet Myers, ex-assessora jurídica da Presidência- a não prestarem depoimento.

"Conselhos francos"
"A afirmação do privilégio executivo neste caso tem por objetivo proteger um interesse fundamental da Presidência: a necessidade de que um presidente receba conselhos francos de seus assessores, e que esses assessores possam se comunicar livre e abertamente com o presidente", escreveu Fielding.
A decisão não surgiu como surpresa. Bush havia declarado no mês passado que não tinha intenção de permitir que Miers ou Taylor testemunhassem.
Na ocasião, o presidente propôs que as duas assessoras, bem como outros de seus principais auxiliares -entre os quais Karl Rove, seu principal estrategista político- concedessem entrevistas aos legisladores, desde que não o fizessem sob juramento e que suas declarações não fossem transcritas. Os líderes democratas do Congresso rejeitaram a proposta, mas Bush a repetiu ontem.

Confronto entre Poderes
A mais recente recusa em cumprir as intimações eleva a tensão em um confronto já severo entre Executivo e Legislativo e torna mais provável que as duas partes terminem recorrendo à Justiça.
Os democratas do Congresso estão tentando determinar quem solicitou que nove promotores federais fossem demitidos e qual era o motivo para a atitude. Eles desejam saber se funcionários da Casa Branca, como Rove, interferiram nas decisões de contratação e demissão do Departamento da Justiça por motivos políticos, ou talvez para bloquear determinadas investigações.
No mês passado, Bush disse que não atenderia às intimações para entregar documentos relativos ao caso. Naquela ocasião, os presidentes das comissões de Justiça -deputado John Conyers, do Michigan, e senador Patrick Leahy, de Vermont, ambos democratas- escreveram a Fielding para se queixar de que o presidente não estava agindo de boa fé.
Em sua carta de ontem, Fielding se queixou do tom empregado pelos democratas, dizendo que gostaria de lhes transmitir "uma nota de preocupação quanto à direção aparente de sua carta no que tange ao tratamento de situação dessa gravidade". Mas Leahy, antecipando a decisão anunciada ontem, no final de semana divulgou um comunicado acusando a Casa Branca de bloquear a investigação.
"A Casa Branca continua tentando conciliar o inconciliável, ao impedir que o Congresso interrogue testemunhas e obtenha documentos e outras provas enquanto alega que nada de indevido ocorreu", afirmou.


Tradução de PAULO MIGLIACCI


Texto Anterior: Frases
Próximo Texto: Iraque: Chanceler prevê colapso se americanos forem embora
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.