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Itália para contra a "lei da mordaça"
Principais diários não circularam em protesto contra projeto do premiê Berlusconi que restringe uso de grampos
TVs não exibiram jornais e houve greve de transportes; aprovado no Senado, projeto irá à Câmara no dia 29
Antonio Calanni/Associated Press
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Homem caminha em plataforma de estação em Milão
VAGUINALDO MARINHEIRO
DE LONDRES
Os principais jornais italianos decidiram não circular
ontem nem atualizar seus sites na internet. A maioria dos
canais não exibiu telejornais,
e foram poucas as notícias
nas rádios. Também houve
greve de transportes em cidades como Roma e Milão.
Foi um protesto contra a
"lei da mordaça", como é conhecido o projeto que o premiê Silvio Berlusconi tenta
aprovar no Congresso.
O projeto já passou no Senado e deve ir à votação na
Câmara no dia 29. Se virar lei,
irá restringir o uso de grampos telefônicos em investigações e punir com multa os
meios de comunicação que
publicarem as transcrições.
Aos jornalistas, estão previstas penas de prisão de até
dois meses.
A paralisação foi convocada pelo sindicato dos jornalistas, mas teve o apoio dos
donos dos meios de comunicação. Um dos poucos jornais a circular foi o "Il Giornale", da família Berlusconi.
Há também grande descontentamento entre juízes.
A associação dos magistrados afirmou em nota que a
nova lei irá tornar muito mais
difícil o trabalho investigativo de policiais e juízes.
A relação entre o premiê,
dono de canais de TV, e a imprensa nunca foi amistosa.
Berlusconi diz que a lei servirá para preservar a privacidade dos italianos e que há abuso nas autorizações de grampos e na publicação deles.
Mas os críticos afirmam
que ele tenta se proteger, evitando investigações sobre
sua vida e sobre membros do
governo. Em 2009, o vazamento de partes de investigações sobre corrupção atingiram o premiê.
Foram divulgados pelos
meios de comunicação fotos
e detalhes de festas que o
premiê dava em sua casa, para as quais eram contratadas
garotas de programa.
Há dois meses, Berlusconi
foi obrigado a aceitar a renúncia de Claudio Scajola,
seu então ministro da Indústria, após a mídia divulgar
operações fraudulentas na
compra de um apartamento.
À época, Berlusconi disse
que a mídia "tinha muita liberdade" na Itália.
RACHA E CORTES
Berlusconi tem maioria na
Câmara, mas, mesmo entre
seus aliados, há quem acredite que as restrições são excessivas e uma ameaça à liberdade de imprensa e à democracia. Além disso, a base
de apoio do premiê está rachada devido ao pacote de
cortes que o governo pretende implementar para reduzir
o deficit público.
O premiê pediu um voto de
confiança ao Congresso e
afirmou que, se o pacote de
cortes não for aprovado, é
hora de ir para casa. Oposicionistas viram na fala uma
possível chance de renúncia.
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