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São Paulo, quarta-feira, 10 de setembro de 2003

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ORIENTE MÉDIO

Israel diz que palestinos fracassaram no plano de paz; premiê palestino indicado pede fim do ciclo de violência

Suicidas palestinos matam 13 em Israel

Eitan Hess-Ashkenazi/Associated Press
Perito israelense coleta material depois do atentado suicida perto de uma base militar na região sudeste de Tel Aviv


DA REDAÇÃO

Pelo menos 13 pessoas morreram em dois atentados terroristas palestinos ontem em Israel, numa escalada de violência que praticamente enterra o novo plano de paz para a região, lançado em 4 de junho último. O número de mortos deve aumentar, pois dezenas de feridos, alguns em estado grave, foram levados a hospitais.
O grupo terrorista palestino Hamas, responsável pela maioria dos cerca de cem atentados contra Israel dos últimos três anos, enviou uma nota à TV árabe Al Jazira na qual, aparentemente, assume a autoria. "Dizemos aos sionistas que é a hora do troco pelos crimes diários contra a população palestina", disse o Hamas.
Mais cedo, dois integrantes do grupo haviam sido mortos num tiroteio com tropas israelenses em Hebron. Um menino palestino de 11 anos morreu atingido por estilhaços de um disparo de tanque israelense. Israel declarou uma "guerra total" ao Hamas após atentado do grupo ter matado 22 em Jerusalém, em 19 de agosto, levando ao fim de uma trégua iniciada em 29 de junho.
O premiê de Israel, Ariel Sharon, em viagem à Índia, adiantou seu retorno para hoje.
Em Nova Déli, um porta-voz israelense acusou a Autoridade Nacional Palestina de fracassar na implementação do plano de paz e disse que o país fará o necessário para se proteger. Os ataques devem aumentar as pressões pela expulsão de Iasser Arafat, presidente da ANP, dos territórios.
Ahmed Korei, indicado para o cargo de premiê palestino por Arafat no domingo, condenou os ataques, mas disse que Israel e a ANP precisam encontrar uma maneira de encerrar a violência.
Em visita à Flórida, o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, principal patrocinador do plano de paz, divulgou uma nota condenando os ataques.
"Nossa posição é de que necessitamos um primeiro-ministro palestino e um governo comprometidos em lutar contra o terrorismo e com forças para desmantelar as organizações terroristas", disse o comunicado.
A França pediu uma reunião urgente do Quarteto -EUA, Rússia, União Européia e ONU, patrocinadores do novo plano- para tentar salvá-lo. A Rússia pediu que os palestinos atuem com rapidez contra o terrorismo para evitar o fracasso do plano.
A primeira explosão, que matou pelo menos sete pessoas, a maioria soldados, aconteceu por volta das 18h num ponto de ônibus perto da base militar de Tzrifin, junto a Tel Aviv. "Alguém gritou, "ataque terrorista", e eu corri para tentar ajudar os feridos. Havia fumaça por todos os lados e pessoas gritando e correndo", disse Eyal Schneider, 21.
O segundo ataque, com pelo menos sete mortos e diversos feridos, ocorreu por volta das 23h20 no café Hillel, numa área movimentada de Jerusalém Ocidental. Segundo o chefe de polícia Mickey Levy, dois guardas protegiam o café. "Aparentemente, o guarda da entrada viu [o homem-bomba] e tentou pará-lo. Mas ele entrou e houve uma poderosa explosão", disse Levy.
"Vi pessoas correndo em todas as direções, corpos no chão, pânico. Foi uma loucura", disse Gideon Cohen, 19.
Os ataques de ontem foram os primeiros depois da renúncia do premiê palestino Mahmoud Abbas (mais conhecido como Abu Mazen). Contrário à violência da Intifada, Mazen não obteve apoio interno para combater os grupos terroristas e acusou ainda Israel de atrapalhar seu trabalho por seguir caçando os extremistas.
Israel já estava em alerta máximo antes dos atentados, temendo uma ação do Hamas contra a onda de ataques israelenses contra seus líderes.

Com agências internacionais


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