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CHILE
Às vésperas do 30º aniversário do golpe, críticos do presidente deposto dizem que a esquerda quer fazer dele um "santo"
Simpatizantes de Pinochet reclamam do culto a Allende
CHICO DE GOIS
ENVIADO ESPECIAL A SANTIAGO
Na semana em que se lembram
os 30 anos do golpe militar que
instalou a ditadura do general Augusto Pinochet, a imagem do presidente deposto, Salvador Allende, está em toda parte na capital
chilena.
Para os simpatizantes do ex-ditador, porém, há um exagero no
culto à memória de Allende, que
se suicidou durante o bombardeio ao palácio de La Moneda (sede do governo), em 11 de setembro de 1973.
"Que querem os da esquerda?
Que acendamos uma vela e oremos para Allende, como se fosse
um santo?", questionava ontem,
em frente ao La Moneda, a comerciante Luiza Gonzalez, 58. Admiradora de Pinochet, a quem chama de "mi general", Gonzalez discorda do título de ditador dado ao
general, que ficou 17 anos no poder. "Ele cumpriu todas suas promessas e, se o Chile hoje goza de
uma tranquilidade econômica,
deve-se a Pinochet."
A corretora de imóveis Luz
Guajardo nasceu no ano do golpe,
mas não tem elogios para Allende.
Pelo contrário. "Não houve um
golpe, mas um pronunciamento,
uma vez que os militares atenderam a uma pressão popular para
tomar uma atitude contra um governo onde reinava o caos."
As duas simpatizantes de Pinochet criticam a imprensa local,
"que só dá um lado dos fatos", e
afirmam que, "se houve vítimas
do lado de lá, também se passou o
mesmo com o lado de cá".
Ontem, a esquerda mostrou que
não está disposta a enterrar o passado. Integrantes do Movimento
Patriótico Manuel Rodriguez
(MPMR) invadiram as embaixadas do México, da Suécia e de Portugal para protestar contra o que
classificam de impunidade contra
crimes de contra a humanidade
cometidos pela ditadura chilena.
Do lado de fora, também foram
entregues panfletos convocando a
população para uma passeata
amanhã. Políticos e representantes do comércio disseram temer
distúrbios.
Os comerciantes chegaram a
entrar com uma ação pendido
que a Justiça proibisse a realização da passeata.
A prefeitura também informou
que irá fechar ao público a visitação ao cemitério onde Allende está enterrado. A decisão foi tomada para evitar destruição de túmulos, como ocorreu em anos
anteriores. Ontem, os organizadores da passeata entraram com
uma representação na Justiça para tentar cancelar essa resolução.
O julgamento, porém, acontecerá
na própria quinta-feira.
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