Mubarak ganha quinto mandato no Egito com quase 90% dos votos

DA REDAÇÃO

A Comissão Eleitoral Presidencial do Egito declarou ontem a vitória de Hosni Mubarak na eleição presidencial da última quarta-feira. Segundo a comissão, Mubarak, que é o atual presidente do país, venceu com 88,6% dos votos. Com isso, o ditador, que está no poder desde 1981, parte para seu quinto mandato consecutivo na Presidência do Egito.
As eleições, as primeiras com diversos candidatos na história do país -eram nove ao todo-, tiveram participação pequena. Segundo a comissão eleitoral, só 23% dos 32 milhões de eleitores registrados foram às urnas.
O pleito ocorreu em meio a várias denúncias de manipulação e fraude pró-Mubarak. Um dos denunciantes, o candidato do Partido do Amanhã, Ayman Nour, chegou a requisitar a anulação da eleição e a realização de outro pleito. O pedido foi negado pela Comissão Eleitoral Presidencial, órgão soberano, e Nour ficou em segundo lugar, com 7,9% dos votos. Denúncias de irregularidades partiram não só da oposição, mas também de grupos de monitoramento independentes.
O candidato do partido Wadf, Noaman Gomaa, afirmou que seu partido fará uma lista das infrações observadas na eleição e a apresentará à comissão. Gomaa, que ficou em terceiro lugar, admitiu, no entanto, que isso não afetará o resultado do pleito.
O próprio jornal do partido Wadf o "Al Wadf", embora tenha noticiado as supostas irregularidades cometidas no desenrolar da votação, saudou o processo eleitoral como o nascimento da democracia no Egito. "O povo acordou e não voltará a dormir", diz editorial do jornal.
Já os periódicos pró-governo anunciavam a vitória do ditador Hosni Mubarak como o início de uma nova era de reformas.
Mamdouh Marei, presidente da Comissão Eleitoral Presidencial, disse, por sua vez, que a votação foi limpa e que alegações de violação se deveram a um "entusiasmo exagerado num experimento que está nascendo e que se tornará o marco da construção da democracia".

Plebiscitos
Nas outras quatro vezes em que Mubarak renovou seu mandato de presidente, ele o fez por meio de plebiscitos, em que os egípcios respondiam se queriam ou não que permanecesse no poder.
Entre os primeiros líderes mundiais a congratularem Mubarak pela vitória estavam o presidente da França, Jacques Chirac, e o primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon.