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Gêmeos poloneses caçam comunistas e desagradam UE
O premiê conservador Jaroslaw Kaczynski e seu irmão presidente, Lech, atuam em nome do combate à corrupção
Dez embaixadores foram afastados no expurgo feito no serviço público; Alemanha ainda é vista como "expansionista"
JAN CIENSKI E STEFAN WAGSTYL
DO "FINANCIAL TIMES"
A Polônia entrou em uma nova era política, iniciada no final
do ano passado com a vitória do
Partido Lei e Justiça (PLJ),
grupo conservador dirigido pelo hoje primeiro-ministro Jaroslaw Kaczynski, nas eleições
legislativas polonesas, seguida
pela eleição de seu irmão gêmeo, Lech, para a Presidência.
Os gêmeos Kaczynski jamais
aceitaram o acordo que, desde
1989, embasava o consenso na
Polônia pós-Guerra Fria: o de
que o um Estado livre deveria
ser construído por meio de um
compromisso entre ex-comunistas e ex-inimigos do comunismo, sem um expurgo completo da velha ordem.
Os gêmeos baseiam sua posição em tradições católicas e nacionalistas, e estão determinados a completar o desmonte do
comunismo. "É impossível
usar as fundações do comunismo, decompostas e ainda infectadas, para construir um Estado funcional, bem gerido e democrático", disse o primeiro-ministro ao "Financial Times".
Os Kaczynski estão pedindo
a substituição da Terceira República ora existente por uma
Quarta República, que representaria uma Polônia purificada de empresários criminosos,
políticos corruptos, ex-agentes
comunistas e toda sorte de interferência estrangeira.
O programa começa a se fazer sentir, com a substituição
de funcionários públicos por
membros leais do PLJ e medidas que tornariam mais severas
as leis aplicadas contra antigos
colaboradores do comunismo.
No exterior, a retórica nacionalista dos Kaczynski tem irritado os parceiros na UE, em especial a Alemanha.
Polícia política
Uma agência policial de elite,
o Serviço Central de Combate à
Corrupção, está sendo estabelecida, e muitos oponentes do
PLJ temem que ela venha a ser
usada como polícia política. Os
detentores de uma série de postos no setor público terão de ser
certificados pelo Instituto da
Memória Nacional.
A campanha de expurgos no
setor público levou à saída de
muitas pessoas que se consideravam servidores do Estado, e
não partidários dos comunistas. Esse grupo inclui pelo menos dez embaixadores, entre os
quais Marek Grela, o enviado
polonês à UE.
Por enquanto, as batalhas
entre os políticos de Varsóvia
exerceram pouco efeito sobre a
economia. O crescimento do
Produto Interno Bruto (PIB)
no segundo trimestre foi de
5,5%, e o investimento estrangeiro não pára de entrar. Remessas de dinheiro pelo um
milhão de poloneses que trabalham no exterior ajudam a alimentar o crescimento.
Os gêmeos consideram como
ameaça à Polônia os esforços da
Alemanha para definir seu novo papel internacional. Também estão furiosos em relação à
cooperação entre Alemanha e
Rússia para a construção de um
gasoduto no mar Báltico, percurso que não atravessará os
territórios da Polônia e outras
nações da região.
Os Kaczynski se ofendem
com facilidade. Promotores públicos estão investigando o autor de um artigo satírico alemão que compara Lech
Kaczynski a uma batata. Os gêmeos apelam aos valores tradicionais: seu forte catolicismo,
sua opinião negativa sobre o
homossexualismo e seu apoio à
pena de morte. contrariam as
opiniões dominantes na Europa. Mas os irmãos estão decididos a provar sua teoria de que a
Polônia caiu sob domínio de interesses especiais vinculados
aos comunistas. "Não temos
intenção de nos explicar", diz
Kaczynski.
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