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Eleição argentina terá 13 contra Cristina
Favorita absoluta para suceder o marido, primeira-dama enfrentará rivais cujo primeiro desafio será levar pleito ao 2º turno
Disputam status de opositor mais bem colocado a radical Elisa Carrió e o ex-ministro Roberto Lavagna, que não têm nem 15% nas pesquisas
RODRIGO RÖTZSCH
DE BUENOS AIRES
As diversas tentativas de
união fracassaram e, encerrado
à 0h de ontem o prazo final para a inscrição de candidaturas
presidenciais na Argentina, 13
oposicionistas tentarão impedir que a primeira-dama Cristina Fernández de Kirchner seja
eleita no dia 28 de outubro presidente da Argentina.
São só quatro candidaturas a
menos do que em 2003, ápice
da atomização da política partidária argentina, um dos efeitos
colaterais da crise de 2001.
As siglas tradicionais sofreram um abalo até hoje irreparável: o Partido Justicialista, ou
peronista, não conseguiu se recompor das divisões internas
que o levaram a ter três candidatos à Casa Rosada em 2003.
Agora, com o partido sob intervenção judicial, Alberto Rodríguez Sáa disputará a eleição encabeçando uma ala dissidente
do peronismo, que não apóia a
candidatura de Cristina.
A UCR (União Cívica Radical), mais tradicional partido
argentino -foi fundado em
1891-, pela primeira vez desde
a redemocratização não terá
candidato à Presidência. O partido dos ex-presidentes Raúl
Alfonsín e Fernando de la Rua
agora apoiará o peronista Roberto Lavagna.
Lavagna disputa com a ex-radical Elisa Carrió o status de
principal candidato opositor.
Nenhum dos dois, porém, consegue superar os 15% nas pesquisas. Carrió tentou até o fim
do prazo legal formar uma
aliança com outro ex-radical,
Ricardo López Murphy. O
acordo acabou não sendo fechado e Murphy, que nas eleições passadas foi o terceiro colocado, está longe dos dois dígitos nas pesquisas. Como demonstração de que não crê que
será eleito, ele disputará também uma vaga na Câmara de
Deputados -a Argentina permite uma candidatura dupla.
Há mais nove candidatos
opositores, dos quais apenas
Jorge Sobisch, governador de
Neuquén, aparece com chances
reais de alcançar ao menos 1%
dos votos. Os outros seriam no
Brasil chamados de nanicos: líderes de legendas de esquerda
(Luis Amman, Gustavo Breide
Obeid, José Montes, Néstor Pitrola e Vilma Ripoll), um cineasta (Fernando Solanas), um
piqueteiro (Raúl Castells) e um
eterno candidato à Presidência,
Juan Carlos Mussa.
Difícil tarefa
O objetivo dessa constelação
de oposicionistas é conseguir o
que até agora parece improvável: superar os 60% dos votos e
assim forçar o segundo turno
entre Cristina e o mais bem posicionado antikirchnerista.
Na Argentina, um candidato
é eleito no primeiro turno
quando supera 40% dos votos e
tem vantagem superior a dez
pontos sobre o segundo colocado, ou quando passa de 45%
-aí não importa a vantagem.
Com a dispersão de candidaturas oposicionistas, parece
improvável que um mesmo
candidato passe de 30%. Por isso, a aposta é que Cristina não
chegue aos 40% -o que hoje
também parece improvável.
A maior esperança da oposição é que se repita, a nível nacional, o ocorrido em recentes
eleições nas maiores Províncias do país. Na cidade de Buenos Aires e em Santa Fé, adversários do kirchnerismo saíram
vitoriosos. Além disso, assim
como em Córdoba, onde o resultado ainda é questionado, os
candidatos antikirchneristas
tiveram desempenho superior
ao previsto nas pesquisas.
Com o cenário eleitoral nacional tranqüilo, Cristina partiu ontem para a Alemanha, em
mais uma das viagens internacionais que vem fazendo desde
o início do ano. Em uma das
poucas entrevistas que deu
desde que foi confirmada sua
candidatura, ela disse que um
dos objetivos de um eventual
governo seu será reinserir a Argentina no mundo.
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