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SEM PINOCHET
Polícia reprime marcha por vítimas da ditadura no Chile
MARIANA LAJOLO
ENVIADA ESPECIAL A SANTIAGO
A primeira marcha em homenagem às vítimas da ditadura militar chilena após a
morte do general Augusto
Pinochet terminou com forte repressão policial ontem.
Após mais de duas horas
de caminhada pelas ruas de
Santiago, as cerca de 5.000
pessoas, segundo os organizadores, chegaram ao Cemitério Geral para um ato no
memorial Salvador Allende,
presidente derrubado pelos
militares em 1973.
À frente da marcha, o advogado dos Direitos Humanos Hugo Gutiérrez tratou
de telefonar para "autoridades" ao ver carabineiros na
porta do local. "A marcha está seguindo tranqüilamente.
Isso é provocação", disse.
"Temos de cuidar para que
tudo saia da melhor forma
possível", declarou à Folha.
Foi ele, no entanto, o encarregado de pôr fim à calmaria ao anunciar que diretoras da Associação de Familiares de Presos Desaparecidos haviam sido detidas. Elas
tentaram forçar passagem
na barreira no presidencial
de La Moneda -cerca de
1.500 policiais foram acionados. A agência France Presse
afirmou que 147 pessoas foram presas na marcha.
"Vivemos numa democracia que não entende nosso
direito de homenagear nossos mortos. Nos reprimem
como na ditadura", afirmou
Mireya García, dirigente da
organização que foi detida.
No cemitério, por volta
das 13h, começaram a ser
sentidos os primeiros efeitos
das bombas de gás no ar. Do
lado de fora, um grupo de
manifestantes encapuzados
atirava objetos na polícia, e o
confronto começou. Além
das bombas, foram usados
caminhões com jatos d'água.
Na marcha de 2006, um
coquetel molotov foi jogado
no La Moneda. Este foi o argumento do governo para
impedir o acesso ao local,
onde Allende suicidou-se no
dia do golpe.
"O dia ocorreu com tranqüilidade, com só alguns incidentes, como no cemitério,
provocados pelo mesmo grupo de 2006", disse a uma rádio local Adriana Delpiano,
intendente da região metropolitana. Amanhã é o 34º
aniversário do golpe militar
e novas manifestações são
esperadas. Pinochet morreu
em dezembro de 2006.
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