São Paulo, segunda-feira, 10 de setembro de 2007

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SEM PINOCHET

Polícia reprime marcha por vítimas da ditadura no Chile

MARIANA LAJOLO
ENVIADA ESPECIAL A SANTIAGO

A primeira marcha em homenagem às vítimas da ditadura militar chilena após a morte do general Augusto Pinochet terminou com forte repressão policial ontem.
Após mais de duas horas de caminhada pelas ruas de Santiago, as cerca de 5.000 pessoas, segundo os organizadores, chegaram ao Cemitério Geral para um ato no memorial Salvador Allende, presidente derrubado pelos militares em 1973.
À frente da marcha, o advogado dos Direitos Humanos Hugo Gutiérrez tratou de telefonar para "autoridades" ao ver carabineiros na porta do local. "A marcha está seguindo tranqüilamente. Isso é provocação", disse.
"Temos de cuidar para que tudo saia da melhor forma possível", declarou à Folha.
Foi ele, no entanto, o encarregado de pôr fim à calmaria ao anunciar que diretoras da Associação de Familiares de Presos Desaparecidos haviam sido detidas. Elas tentaram forçar passagem na barreira no presidencial de La Moneda -cerca de 1.500 policiais foram acionados. A agência France Presse afirmou que 147 pessoas foram presas na marcha.
"Vivemos numa democracia que não entende nosso direito de homenagear nossos mortos. Nos reprimem como na ditadura", afirmou Mireya García, dirigente da organização que foi detida.
No cemitério, por volta das 13h, começaram a ser sentidos os primeiros efeitos das bombas de gás no ar. Do lado de fora, um grupo de manifestantes encapuzados atirava objetos na polícia, e o confronto começou. Além das bombas, foram usados caminhões com jatos d'água.
Na marcha de 2006, um coquetel molotov foi jogado no La Moneda. Este foi o argumento do governo para impedir o acesso ao local, onde Allende suicidou-se no dia do golpe.
"O dia ocorreu com tranqüilidade, com só alguns incidentes, como no cemitério, provocados pelo mesmo grupo de 2006", disse a uma rádio local Adriana Delpiano, intendente da região metropolitana. Amanhã é o 34º aniversário do golpe militar e novas manifestações são esperadas. Pinochet morreu em dezembro de 2006.


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