São Paulo, quarta-feira, 10 de setembro de 2008

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SUCESSÃO NOS EUA / FATOR EMPATIA

Com impulso de vice, McCain cresce entre as mulheres

Republicano reverte vantagem e abre frente sobre Obama entre eleitoras brancas, diz "Post"; Palin é alvo de acusações de desvio

Biografia da governadora do Alasca, mãe de cinco filhos, atrai simpatia das eleitoras de classe média, mas também gera suspeitas

DANIEL BERGAMASCO
DE NOVA YORK

O candidato republicano à Casa Branca, John McCain, reverteu a vantagem do rival democrata Barack Obama entre as mulheres brancas depois que a governadora Sarah Palin (Alasca) foi escolhida vice em sua chapa, aponta pesquisa Washington Post/ABC News.
A diferença nas preferências dessa fatia do eleitorado, antes de oito pontos percentuais em favor de Obama, agora é de 12 a mais para McCain.
Apesar das ressalvas sobre as pesquisas eleitorais feitas nos EUA -amostragem reduzida, entrevistas por telefone, erros freqüentes-, o movimento substancial de 20 pontos nesse eleitorado (entre o período pré-convenções partidárias, há mais de duas semanas, e o último fim de semana) foi recebido pela mídia americana como reflexo da escolha de Palin.
A governadora de 44 anos continua no centro do noticiário da campanha. Mas não apenas com avaliações positivas: ontem, o "Post" relatou acusações contra ela de ter recebido do governo diárias de viagem em dias em que ficou em casa, que se somam a uma série de outros questionamentos.
Ainda assim, ela é considerada uma boa escolha por analistas, que dizem que Palin consolidou McCain entre o eleitorado conservador do partido.
Com a nova pesquisa, a vice se mostra um trunfo entre as "mães do Wal Mart" -mulheres de classe média, em expressão usada pela revista "Time" para analisar a pesquisa.
"O eleitorado feminino tende a se entusiasmar com as propostas democratas em assuntos domésticos, como mais investimento em saúde pública e educação. Sarah, apesar de ser fraca nesses tópicos em programa de governo, tem uma história que pode puxar identificação, por se mostrar uma mãe dedicada e mulher trabalhadora", disse à Folha o analista político Michael McDonald, do Instituto Brookings.
McDonald se refere ao paradoxo entre notícias como a de que Palin tentou banir livros em bibliotecas do Alasca, por exemplo, e sua biografia. Ela escondeu da mídia sua última gravidez -de Trig, hoje com quatro meses, que tem síndrome de Down- para evitar desconfianças sobre sua capacidade de se dedicar ao governo. Atualmente, aparece sempre com o bebê nos braços, em comícios ou capas de revista, e diz viver com as mãos divididas entre o celular Blackberry e a bomba de sucção de leite.

Contra Palin
Revelações negativas sobre o passado da governadora surgem diariamente nos EUA, ao mesmo tempo em que cresce seu status de celebridade.
O pedido de reembolso de despesas de viagem por 312 noites em que ficou em casa sumiu do noticiário ao longo do dia. Ela argumentou que morava fora da capital -ou seja, viajava diariamente.
Na semana passada, havia vindo à tona um processo movido por um ex-funcionário que diz ter perdido o emprego por se recusar a demitir um ex-cunhado da governadora.
Nada disso se consolidou no noticiário, e a presença da vice na chapa tem feito McCain mudar o formato de seus comícios, antes debates de idéias com pequenos grupos, para algo mais parecido com os comícios-show de Obama, com discursos a céu aberto diante de uma platéia que empunha cartazes como "Mães por McCain-Palin".
Na pesquisa do "Post", foram ouvidas 1.113 pessoas (52%, mulheres) por telefone entre 5 e 7 de setembro, logo após a Convenção Republicana. A margem de erro é de três pontos para mais ou para menos. No resultado geral da consulta, os dois candidatos estão em empate técnico, com um ponto de vantagem para Obama.


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