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Líderes europeus querem encontro sobre Afeganistão
Sem anuência dos EUA, Reino Unido, Alemanha e França propõem à ONU conferência até o fim do ano para estabelecer novas metas
DA REDAÇÃO
Sem a anuência dos EUA, os
líderes de Alemanha, Reino
Unido e França propuseram à
ONU a realização de uma conferência internacional sobre o
Afeganistão até o fim do ano,
para discutir um cronograma
para a transferência de responsabilidades ao governo local.
Em carta ao secretário-geral
da ONU, Ban Ki-moon, a chanceler (premiê) Angela Merkel, o
premiê Gordon Brown e o presidente Nicolas Sarkozy pediram a definição de "nova perspectiva e objetivos" à missão da
Otan, aliança militar ocidental.
A proposta é uma reação ao
recente aumento da oposição
ao conflito nos países que integram a missão liderada pelos
EUA. Este ano já é o mais violento para forças externas desde o início da guerra, em 2001.
Também o aumento dos indícios de fraude na eleição presidencial do último dia 20 coloca sob suspeita a lisura da eventual reeleição do presidente
Hamid Karzai e compromete a
legitimidade do governo apoiado pela missão ocidental.
"Nesse contexto, devemos
considerar o aumento na velocidade, tamanho e qualidade do
treinamento de forças de segurança afegãs", disseram os líderes ocidentais, que defenderam
a realização da conferência logo
após a posse do novo governo e
possivelmente em duas etapas.
Segundo os líderes europeus,
é preciso estabelecer um cronograma do que chamaram de
"afeganização", a progressiva
transferência de responsabilidades aos órgãos locais de governo, sobretudo em matéria
de promoção da segurança.
Brown, que vê os soldados
britânicos morrerem no Afeganistão mais que em outros anos
da guerra, propôs que Londres
abrigue a segunda parte da conferência de nível ministerial -a
primeira delas seria em Cabul.
Merkel também vê a pressão
interna aumentar, a menos de
três semanas das eleições parlamentares em que tentará a
reeleição, devido à morte de dezenas de civis em um ataque da
Otan convocado pelo comando
alemão na última sexta-feira.
O secretário-geral da Otan,
Anders Rasmussen, defendeu a
realização do encontro, mas rejeitou a possibilidade de retirada "precipitada" do país. "Se
sairmos, logo haverá terroristas promovendo instabilidade.
E este é um futuro que simplesmente não podemos permitir."
Os EUA não comentaram a
proposta dos aliados europeus.
O governo Barack Obama deve
em breve apresentar uma revisão da estratégia para a guerra
no Afeganistão. Dos mais de
100 mil soldados estrangeiros
no país, cerca de 68 mil são
americanos -já incluído o aumento de tropas anunciado pela Casa Branca em fevereiro.
Eleições
Tanto os planos do governo
americano -que fez do conflito
o foco do combate ao terrorismo- quanto os dos líderes europeus podem, no entanto, ser
frustrados pelo atraso no cronograma eleitoral afegão devido à recontagem de parte dos
votos ordenada anteontem.
Segundo a Comissão Eleitoral de Apelações, há "claros indícios de fraude". A entidade
ordenou a recontagem no dia
em que a apuração, com 91,6%
dos votos contados, indicou pela primeira vez a vitória em primeiro turno de Karzai.
Ontem, o presidente afegão
voltou a defender, em nota, a
"honestidade e imparcialidade" da eleição. O segundo colocado, o ex-chanceler Abdullah
Abdullah, que tem 28,3% dos
votos, alega fraude no pleito.
Os líderes europeus não fizeram menção às suspeitas de irregularidades na carta à ONU.
Segundo eles, a eleição foi "um
importante passo na história
democrática" do Afeganistão.
Com agências internacionais
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