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Pastor desiste de queimar o Alcorão
Após apelo do próprio Barack Obama e visita do FBI, evangélico diz que não mais fará ato no 11 de Setembro
Terry Jones atribui decisão a acordo com líder religioso sobre construção de mesquita em NY, mas imã nega
Joe Raedle/Getty Images/France Presse
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O pastor Terry Jones (esq.), que ameaça queimar cópias do Alcorão, cumprimenta o imã Musri em Gainesville, Flórida
ANDREA MURTA
DE WASHINGTON
Com o mundo em crescente alerta e após pressão do
presidente dos EUA, Barack
Obama, o pastor evangélico
da Flórida que pretendia
queimar o Alcorão no nono
aniversário do 11 de Setembro, amanhã, disse ter desistido do plano.
Os detalhes do cancelamento ainda estavam pouco
claros ontem.
Terry Jones, da cidadezinha de Gainesville, afirmou
ter concordado em cancelar a
fogueira do livro sagrado do
islã após receber garantias
dos responsáveis por outro
plano controverso -da construção de uma mesquita perto do local do ataque às Torres Gêmeas em Nova York-
de que mudarão o projeto.
"Se moverem a construção, vamos considerar isso
um sinal de Deus", disse Jones. "Não tenho arrependimentos. Conseguimos um
bom resultado."
Em Gainesville, porém, o
líder islâmico Muhammad
Musri, que mediou o diálogo
de Jones com a mesquita de
Nova York, disse que não há
acordo. "Teremos um encontro para discutir a mudança."
Musri e Jones queriam
marcar essa reunião para sábado. Mas em Nova York, o
imã à frente da construção da
mesquita, Feisal Abdul Rauf,
disse ter sido pego de surpresa pelas notícias. "Não falei
com o pastor nem com o
imã", afirmou.
Diante disso, já no fim do
dia, Jones disse que poderia
"reconsiderar" a decisão de
não mais queimar os exemplares.
PRESSÃO
Horas antes, o pastor havia se declarado disposto a
cancelar o plano se recebesse
um pedido da Casa Branca.
Pela manhã, Obama fez
um apelo neste sentido em
entrevista ao canal ABC. "Se
ele [Jones] estiver ouvindo,
espero que entenda que o
que está propondo é completamente contrário a nossos
valores como americanos."
O presidente foi duro. Chamou o plano de "golpe" e disse que o ato ofereceria "uma
festa para o recrutamento"
de terroristas para a Al Qaeda
e outros grupos em busca de
voluntários "que possam se
explodir" em cidades nos
EUA e na Europa.
Em meio às incertezas, seguiam altos os temores de
que o plano do pastor levaria
a retaliações violentas de extremistas pelo mundo no final de semana.
O secretário da Defesa dos
EUA, Robert Gates, telefonou
diretamente para Jones durante a tarde para expressar
preocupação, e o FBI visitou
o pastor para pedir o cancelamento do plano.
A Interpol lançou um alerta a 188 países-membros sobre alto risco de ataques no
final de semana durante protestos contra o pastor.
Outro alerta mundial foi
emitido pelo Departamento
de Estado dos EUA, que pediu cautela a cidadãos americanos devido "a potenciais
demonstrações anti-EUA em
vários países em resposta" à
ameaça ao Alcorão.
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