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Brasil banca obras energéticas em países vizinhos
Integração em infraestrutura é parte da estratégia do governo, que vê risco de isso ser visto como "intrusão"
Países como Venezuela, Argentina e Paraguai têm apresentado deficit quanto ao fornecimento pleno de eletricidade
SOFIA FERNANDES
DE BRASÍLIA
O Brasil vai bancar nos
próximos anos projetos de
segurança e integração energética de países vizinhos, seguindo a tônica do governo
Lula de que não é bom se desenvolver estando rodeado
de problemas estruturais.
Alguns, como a Venezuela, Argentina e Paraguai enfrentam problemas sérios de
geração de eletricidade.
Estão em pauta questões
gerais de integração, empreendimentos bilaterais e a
intenção de fortalecer a prática de fornecimento momentâneo de energia, a energia
interruptível -comum com
Argentina e Uruguai.
Para o governo, a integração energética é mais que natural e o Brasil, como uma
potência regional, não pode
perder a chance de conduzir
esse processo.
Do ponto de vista político,
há o cuidado para que o Brasil não seja interpretado como um intruso nas questões
internas de seus vizinhos.
Entre os projetos bilaterais
em análise o mais estratégico
é a construção das hidrelétricas de Garabi e Panambi,
fronteira com a Argentina.
O inventário do rio Uruguai foi concluído em julho, e
os dois países já têm o embrião da empresa que construirá o empreendimento.
O projeto é da década de
80, mas há orientação do governo Lula de tocar com rapidez. A energia gerada será dividida pela metade entre os
dois países.
"O governo se deu conta
de que ali há um potencial
que não pode ser mais desprezado", afirmou o diretor
do Departamento de Energia
do Itamaraty, André Corrêa
do Lago.
Com o Peru, foi firmado
um acordo que prevê a construção de hidrelétricas, com
um total de até 6.000 MW de
potência instalada.
MODELO CONFIÁVEL
O Brasil pretendia financiar essas obras para comprar 80% da produção, fatia
que está sendo revista.
"Imagine se o Brasil fosse
menor e estivesse construindo uma hidrelétrica para
mandar energia a um vizinho, enquanto precisa dela",
justifica o diplomata.
O governo estuda também
exportar o modelo tido como
"confiável" do setor, com leilões de energia e contratos de
30 anos, para seus vizinhos.
Peru, Bolívia e Uruguai
mostraram interesse em incorporar o esquema energético brasileiro.
Um desses interessados, o
Uruguai, receberá vários
agrados do Brasil. Há o intuito de construir uma térmica a
carvão em Candiota (RS) para fornecimento exclusivo ao
país. O vizinho também deve
receber um parque eólico.
O Brasil pensa em estender a influência para Bolívia,
com construção de hidrelétricas, e Venezuela, que seria
contemplada com linhas vindas de Boa Vista (RR).
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