São Paulo, sábado, 10 de setembro de 2011

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Para ex-FBI, matar Bin Laden era única saída

ELEA ALMEIDA
DE SÃO PAULO

O ex-agente do FBI (polícia federal americana) Daniel Coleman estava no escritório do órgão em Nova York, a alguns blocos do World Trade Center, quando a primeira torre foi atingida em 11 de setembro de 2001. Para o agente, a a única saída depois disso seria matar o idealizador dos ataques, Osama bin Laden.
Na época, Coleman já investigava as atividades do terrorista e da rede Al Qaeda há mais de cinco anos. "Também fui uma vítima dos atentados por estar tão próximo naquele momento", disse à Folha o agente aposentado desde 2004, em entrevista por telefone de Nova Jersey.

Folha - Você já tinha visto Osama bin Laden como perigo aos EUA no início dos anos 90. Que ameaças ele trazia?
Daniel Coleman
- No começo, pensávamos que ele era um financiador do terrorismo. Não percebíamos que ele estava criando uma organização terrorista, que tinha um grupo que realmente planejava fazer algo contra os EUA.

Como a Al Qaeda foi descoberta?
Foi em 1996. Descobrimos que ele tinha um grupo que operava um exército no Sudão. Depois, voltou ao Afeganistão, o que tornou mais difícil rastreá-lo. Em maio [de 2001], confirmamos que ele tinha pessoas operando para ele no Quênia. Em setembro, percebemos que muitos membros de sua rede estavam dispostos a realizar ataques contra um país.

Já havia algum sinal de planejamento dos atentados?
Na época, em 1996, não conectamos as informações passadas com o planejamento de um ataque do tipo. Em 1998, conseguimos informações suficientes para emitir uma ordem judicial, mas ele estava no Afeganistão, então não conseguimos prendê-lo.

Como você avalia a resposta dos EUA após os ataques?
Foi bem sucedida por obrigar os membros da Al Qaeda a saírem de seus locais de treinamento e se esconderem, tanto que Bin Laden foi para o Paquistão. Mas o fato de ele estar ali, em uma área central do país, foi surpreendente para mim. Ele foi protegido por pessoas mais importantes do que simples líderes tribais.

Os EUA estão mais seguros agora, com a morte de Bin Laden?
Acredito que sim. Hoje percebo que era a única saída. Não daria certo simplesmente prendê-lo e julgá-lo. Existir alguém como Bin Laden significa deixar muitas vidas em risco. Matar pessoas daquela maneira, se infiltrando onde todos acreditam estarem salvos, é muito perturbador.


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