São Paulo, sábado, 10 de setembro de 2011

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SABATINA FOLHA UOL SCOTT TUROW

Autor best-seller defende atos de Obama

Em evento ontem em São Paulo, americano apoiou execução de Bin Laden e manutenção da base de Guantánamo

Turow, que além de romancista é advogado, disse que crítica à pena de morte não vale para questões de guerra


DE SÃO PAULO

Crítico à pena de morte nos Estados Unidos, o autor americano Scott Turow, 62, defendeu ontem, em sabatina realizada pela Folha e pelo UOL, as decisões do presidente Obama de sancionar a execução de Osama Bin Laden, em maio último, e de manter a prisão de Guantánamo.
O americano, famoso pelo thriller "Acima de Qualquer Suspeita" (1987) -adaptado ao cinema em 1990 por Alan J. Pakula e estrelado por Harrison Ford- argumentou que o debate sobre a pena capital não se estende à guerra.
"A discussão sobre a pena de morte tem a ver com o modo como a sociedade lida com seus próprios cidadãos", disse Turow, que trabalhou com o então senador Obama numa comissão que, em 2003, conseguiu abolir a prática no Estado de Illinois.
Sobre Guantánamo, disse que "houve progressos". "Se promessas [do presidente dos EUA] não se cumpriram, foi porque o serviço de inteligência o convenceu de que muitos lá não podem ser soltos."
A entrevista foi conduzida por Fernanda Mena, editora da Ilustrada, Josélia Aguiar, colunista da Folha, Ives Gandra, professor emérito da universidade Mackenzie, e Diego Assis, chefe de reportagem do UOL Entretenimento.
Turow, que está no Brasil para lançar "O Inocente" (Record), seu romance mais recente, falou ainda sobre seu espanto com sucesso mundial alcançado por seus livros de suspense de tribunal.
"Não imaginava que o thriller jurídico pudesse se tornar tão popular em outros países. Nos EUA, é mais fácil entender: a lei domina a sociedade, que por isso quer conhecer melhor essa instituição de efeitos tão fortes."
Embora tenha se tornado advogado depois de começar a pensar numa carreira literária, o autor disse que a atuação como promotor o ajudou a escrever. "O aprendizado mais valioso que levei para a literatura foi a capacidade de falar para grandes públicos."
Questionado sobre direitos autorais na era digital, o escritor disse que "em algo" concorda com as propostas de Lawrence Lessig, professor de Harvard criador do Creative Commons, modelo de cessão de direitos mais flexível. Em texto recente no "New York Times", Turow criticou flexibilizações na área.
"O que me preocupa são os e-books pirateados em sites ilegais. É preciso tomar uma atitude, ou eles destruirão a base do mundo editorial. E não são os best-sellers os que mais têm a perder com isso."


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