São Paulo, sábado, 10 de setembro de 2011

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Candidato favorito na Guatemala quer armas brasileiras

Para general reformado Otto Pérez Molina, tecnologia auxiliaria o combate ao tráfico

FLÁVIA MARREIRO
DE CARACAS

Favorito nas eleições presidenciais da Guatemala amanhã, o general reformado Otto Pérez Molina promete ofensiva contra o narcotráfico e quer contar com armas e equipamentos brasileiros para as Forças Armadas.
Em entrevista à Folha, por telefone, Pérez Molina se referiu especificamente aos Super Tucanos, da Embraer, aeronave considerada mais adaptada para combates em áreas de selva.
Acusado por ativistas de associação com crimes e massacres durante a sangrenta guerra civil do país que durou 36 anos, o candidato deve se tornar o primeiro ex-general a assumir o poder desde o fim do regime, em 1986.
Apesar de bastante à frente de seus adversários, Pérez Molina só deve consolidar a vitória no segundo turno, em novembro. A seguir, os principais trechos da conversa.

Folha - Analistas dizem que a Guatemala vive ameaça mais grave que o México em termos de atuação do crime organizado. Qual o seu diagnóstico? O sr. promete "mano dura". Seguirá Calderón no México?
Otto Pérez Molina
- Há uma grande diferença entre o México e a Guatemala, também pelo tamanho dos cartéis. Lá são muito maiores, mais fortes. Aqui são três cartéis tentando controlar corredores de trânsito de drogas, e temos é que fazer frente a isso e recuperar essas áreas.
Não creio que estejamos na situação de 'narcoestado' ou de Estado falido. Vai depender do próximo governo enfrentar essa ameaça, esse grande risco que, sim, é latente no país.
Creio que podemos ter um governo que enfrente o problema sem chegar aos níveis de violência do México.

O que o sr. espera de Washington e dos vizinhos?
O que pedimos é que haja uma estratégia regional, que vá desde os EUA até o sul, onde estão os países produtores. O financiamento dos EUA para a luta contra o narcotráfico tem sido muito baixo, ou seja, não dependemos deles para fazer esse trabalho.
Países como Brasil podem ter papel importante pelo grau de tecnologia que desenvolveram, no momento que precisamos fortalecer nossa Força Aérea, a Marinha, conseguir radares, construir centros de comando etc.

Quais tecnologias brasileiras?
Por exemplo, aviões como o Super Tucano. O Brasil desenvolveu aviões que são muito adequados para países como a Guatemala.
Há também necessidade de equipamentos para controlar o tráfego aéreo, radares. Não necessariamente estamos falando de doação, mas de acordos econômicos pelos quais se possa ter financiamento do Brasil para adquirir esses equipamentos.

Ativistas o vinculam a violações de direitos humanos na guerra civil. Como se defende?
Há 12 anos saí do Exército e passei esse período como qualquer guatemalteco, quando qualquer denúncia pôde tramitar pelos tribunais do país.
Se tivessem realmente provas, argumentos formais [contra mim], estou certo de que já teriam levado aos tribunais. Nesse sentido, estou tranquilo e disposto a me apresentar onde quer que seja porque não tenho nada do que me envergonhar.


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