|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Judeus de SP oram pela paz no Dia do Perdão
EDUARDO LANG
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Em sinagogas de São Paulo ontem judeus aproveitaram o Yom
Kippur, o Dia do Perdão, para
orar pela paz entre palestinos e israelenses.
Este ano, a data mais importante do calendário judaico, quando
os judeus pedem perdão pelos
seus pecados a Deus, coincidiu
com o agravamento da tensão no
Oriente Médio.
"A situação é, de certo modo,
pior que a da guerra de 1973", diz
o diretor de Cultura Judaica do
clube A Hebraica, José Luiz Goldfarb, responsável pela preparação
do ritual nas sinagogas do clube.
"Naquela época, havia exércitos
lutando, agora o conflito é entre
pessoas", diz ele.
A Guerra do Yom Kippur começou com ataques coordenados
de Exércitos árabes na península
do Sinai (tomada por Israel do
Egito, em 1967) e nas colinas do
Golã (tomadas da Síria também
em 1967). Com baixa prontidão
por causa do feriado, Israel cedeu
terreno no início da guerra, depois recuperado.
Goldfarb considera que a paz só
virá quando houver mais justiça
social na região. "Quem se revolta, na Palestina ou no Brasil, o faz
em grande parte por não ter condições razoáveis de vida. Devemos ser responsáveis." Ele afirma
que "a idéia de justiça é fundamental na tradição judaica, então
devemos encontrar uma maneira
justa de dividir o território".
Na CIP (Congregacão Israelita
Paulista), o rabino Henry Sobel
proferiu um discurso pela paz, no
qual pediu "bom senso para os radicais de ambas as partes em conflito para que haja um caminho de
entendimento".
A maioria dos entrevistados pela reportagem da Folha se manifestou favoravelmente à criação
de um Estado palestino e considerou positivo o esforço de paz. Para
o professor de Direito Internacional da Faculdade de Direito da
USP, Hermes Marcelo Huck, um
Estado palestino é importante para manter a paz na região. Ele afirma que, apesar da guerra ser considerada ilegal pelo direito internacional, ela é parte do processo
de sustentação de um Estado.
Outro ponto de discórdia é Jerusalém. A professora de história
judaica Rachel Mizrahf, 59 ressalta que a cidade é a capital histórica
dos judeus. Ela é a favor de que a
cidade seja administrada por um
órgão internacional. "Mas isso é
uma questão menor", diz. "Havendo paz, Jerusalém virá."
Texto Anterior: Crise reagrupa "inimigos contra inimigos" Próximo Texto: Revolução nos Bálcãs: Sérvia aceita nova eleição parlamentar em dezembro Índice
|