São Paulo, terça-feira, 10 de outubro de 2000

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Judeus de SP oram pela paz no Dia do Perdão

EDUARDO LANG
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Em sinagogas de São Paulo ontem judeus aproveitaram o Yom Kippur, o Dia do Perdão, para orar pela paz entre palestinos e israelenses.
Este ano, a data mais importante do calendário judaico, quando os judeus pedem perdão pelos seus pecados a Deus, coincidiu com o agravamento da tensão no Oriente Médio.
"A situação é, de certo modo, pior que a da guerra de 1973", diz o diretor de Cultura Judaica do clube A Hebraica, José Luiz Goldfarb, responsável pela preparação do ritual nas sinagogas do clube. "Naquela época, havia exércitos lutando, agora o conflito é entre pessoas", diz ele.
A Guerra do Yom Kippur começou com ataques coordenados de Exércitos árabes na península do Sinai (tomada por Israel do Egito, em 1967) e nas colinas do Golã (tomadas da Síria também em 1967). Com baixa prontidão por causa do feriado, Israel cedeu terreno no início da guerra, depois recuperado.
Goldfarb considera que a paz só virá quando houver mais justiça social na região. "Quem se revolta, na Palestina ou no Brasil, o faz em grande parte por não ter condições razoáveis de vida. Devemos ser responsáveis." Ele afirma que "a idéia de justiça é fundamental na tradição judaica, então devemos encontrar uma maneira justa de dividir o território".
Na CIP (Congregacão Israelita Paulista), o rabino Henry Sobel proferiu um discurso pela paz, no qual pediu "bom senso para os radicais de ambas as partes em conflito para que haja um caminho de entendimento".
A maioria dos entrevistados pela reportagem da Folha se manifestou favoravelmente à criação de um Estado palestino e considerou positivo o esforço de paz. Para o professor de Direito Internacional da Faculdade de Direito da USP, Hermes Marcelo Huck, um Estado palestino é importante para manter a paz na região. Ele afirma que, apesar da guerra ser considerada ilegal pelo direito internacional, ela é parte do processo de sustentação de um Estado.
Outro ponto de discórdia é Jerusalém. A professora de história judaica Rachel Mizrahf, 59 ressalta que a cidade é a capital histórica dos judeus. Ela é a favor de que a cidade seja administrada por um órgão internacional. "Mas isso é uma questão menor", diz. "Havendo paz, Jerusalém virá."



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