São Paulo, sexta-feira, 10 de novembro de 2006

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Israel culpa falha técnica por morte de crianças

Enterro das vítimas de ataque se transforma em protesto de milhares de palestinos

Governo israelense diz que essa "não é sua política" e lamenta, mas afirma que ofensiva militar na faixa de Gaza não será interrompida

DA REDAÇÃO

O premiê de Israel, Ehud Olmert, atribuiu a uma falha técnica da artilharia israelense o ataque no norte da faixa de Gaza que provocou a morte de 18 civis palestinos, entre eles oito crianças, anteontem. O enterro das vítimas, todas de uma mesma família, se transformou em um protesto ontem com dezenas de milhares de pessoas.
"Foi uma falha técnica da artilharia israelense. Eu chequei e verifiquei. Essa não é a política", disse o premiê.
O bombardeiro ocorreu quando os moradores ainda dormiam, e muitos foram mortos quando fugiam de casa, em pânico. Todas as vítimas pertenciam à proeminente família Al Athamna. Foi o maior número de civis palestinos mortos em um único ataque de Israel desde setembro de 2000.
Os corpos chegaram ao cemitério em um comboio de 18 ambulâncias, enrolados em bandeiras amarelas -o símbolo do Fatah, partido do presidente palestino, Mahmoud Abbas. A vítima mais jovem foi uma menina de apenas 18 meses, enterrada pelo pai aos prantos.
Grupos de militantes, alguns usando máscaras e atirando para o alto, acompanharam o cortejo. O clima no cemitério era de grande grande revolta. Houve gritos de "Deus é maior que Israel e que a América".
"O inimigo sionista entende só a linguagem da força, então eu digo: "Olho por olho, dente por dente'", disse Abdel al Hakim Awad, porta-voz do Fatah. "Os moradores de Sderot, Ashkelon e Tel Aviv não vão gozar de paz e segurança enquanto vocês, povo de Beit Hanoun, estiverem sofrendo", afirmou, citando cidades israelenses.

Fim da trégua
Khaled Meshal, líder exilado do grupo extremista Hamas, que no passado cometeu atentados contra civis israelenses, disse que a trégua com Israel, em vigor desde fevereiro de 2005, havia acabado. Temendo uma retaliação, a polícia de Israel foi colocada em alerta.
Um telefonema entre Abbas e Meshal -que não se falavam havia meses- marcou ontem a retomada das negociações para a formação de um governo de unidade nacional entre as facções rivais Fatah e Hamas, um dia depois que as conversas foram suspensas em protesto contra o ataque israelense.
Apesar do anúncio do fim da trégua, o Fatah acredita que a volta das conversas pode evitar uma radicalização. "O telefonema reflete o espírito positivo que prevalece em Gaza", afirmou Nabil Abu Rdeneh, assessor do presidente.

A ofensiva continua
Já o premiê Olmert disse que, apesar de lamentar as mortes, as operações militares prosseguirão enquanto militantes radicais lançarem foguetes contra território israelense.
"O Exército irá continuar enquanto houve disparos de Qassam. Não vamos parar", disse. "Vamos nos precaver para evitar erros desnecessários. Vamos fazer tudo que podemos para evitá-los. Não seria correto dizer que eles podem não ocorrer. Eles podem ocorrer."
Segundo Olmert, a artilharia que matou os palestinos tinha como objetivo um local de onde estavam sendo lançados foguetes, mas acertou casas a 500 metros de distância. Um porta-voz do Exército disse que o sistema de radar estava com defeito e que os disparos ficarão suspensos em Gaza até que os exames técnicos sejam concluídos.


Com agências internacionais

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