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Israel culpa falha técnica por morte de crianças
Enterro das vítimas de ataque se transforma em protesto de milhares de palestinos
Governo israelense diz que
essa "não é sua política" e
lamenta, mas afirma que
ofensiva militar na faixa de
Gaza não será interrompida
DA REDAÇÃO
O premiê de Israel, Ehud Olmert, atribuiu a uma falha técnica da artilharia israelense o
ataque no norte da faixa de Gaza que provocou a morte de 18
civis palestinos, entre eles oito
crianças, anteontem. O enterro
das vítimas, todas de uma mesma família, se transformou em
um protesto ontem com dezenas de milhares de pessoas.
"Foi uma falha técnica da artilharia israelense. Eu chequei
e verifiquei. Essa não é a política", disse o premiê.
O bombardeiro ocorreu
quando os moradores ainda
dormiam, e muitos foram mortos quando fugiam de casa, em
pânico. Todas as vítimas pertenciam à proeminente família
Al Athamna. Foi o maior número de civis palestinos mortos
em um único ataque de Israel
desde setembro de 2000.
Os corpos chegaram ao cemitério em um comboio de 18 ambulâncias, enrolados em bandeiras amarelas -o símbolo do
Fatah, partido do presidente
palestino, Mahmoud Abbas. A
vítima mais jovem foi uma menina de apenas 18 meses, enterrada pelo pai aos prantos.
Grupos de militantes, alguns
usando máscaras e atirando para o alto, acompanharam o cortejo. O clima no cemitério era
de grande grande revolta. Houve gritos de "Deus é maior que
Israel e que a América".
"O inimigo sionista entende
só a linguagem da força, então
eu digo: "Olho por olho, dente
por dente'", disse Abdel al Hakim Awad, porta-voz do Fatah.
"Os moradores de Sderot, Ashkelon e Tel Aviv não vão gozar
de paz e segurança enquanto
vocês, povo de Beit Hanoun, estiverem sofrendo", afirmou, citando cidades israelenses.
Fim da trégua
Khaled Meshal, líder exilado
do grupo extremista Hamas,
que no passado cometeu atentados contra civis israelenses,
disse que a trégua com Israel,
em vigor desde fevereiro de
2005, havia acabado. Temendo
uma retaliação, a polícia de Israel foi colocada em alerta.
Um telefonema entre Abbas
e Meshal -que não se falavam
havia meses- marcou ontem a
retomada das negociações para
a formação de um governo de
unidade nacional entre as facções rivais Fatah e Hamas, um
dia depois que as conversas foram suspensas em protesto
contra o ataque israelense.
Apesar do anúncio do fim da
trégua, o Fatah acredita que a
volta das conversas pode evitar
uma radicalização. "O telefonema reflete o espírito positivo
que prevalece em Gaza", afirmou Nabil Abu Rdeneh, assessor do presidente.
A ofensiva continua
Já o premiê Olmert disse
que, apesar de lamentar as
mortes, as operações militares
prosseguirão enquanto militantes radicais lançarem foguetes contra território israelense.
"O Exército irá continuar enquanto houve disparos de Qassam. Não vamos parar", disse.
"Vamos nos precaver para evitar erros desnecessários. Vamos fazer tudo que podemos
para evitá-los. Não seria correto dizer que eles podem não
ocorrer. Eles podem ocorrer."
Segundo Olmert, a artilharia
que matou os palestinos tinha
como objetivo um local de onde
estavam sendo lançados foguetes, mas acertou casas a 500
metros de distância. Um porta-voz do Exército disse que o sistema de radar estava com defeito e que os disparos ficarão suspensos em Gaza até que os exames técnicos sejam concluídos.
Com agências internacionais
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