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China faz gesto conciliador para rival Índia
Pequim se diz favorável à entrada de indianos no Conselho de Segurança da ONU; ideia foi apoiada por Obama
Chineses dizem que é necessário haver uma reforma "razoável e necessária" do principal organismo da entidade
FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A SEUL (COREIA DO SUL)
Um dia depois de o presidente americano, Barack
Obama, ter defendido o ingresso da Índia no Conselho
de Segurança da ONU (CS), a
China optou por ser diplomática, ao dizer que "entende e
apoia" um protagonismo
maior do país vizinho.
"A China valoriza o papel
da Índia em temas internacionais e entende e apoia o
desejo do país em ter uma
participação maior na ONU",
disse Hong Lei, porta-voz da
Chancelaria chinesa.
Os dois gigantes são rivais
regionais, e o gesto de Obama aos indianos foi visto como um recado aos chineses
de que não são líderes incontestes da região.
O aceno chinês à Índia é,
assim, um passo importante
em direção à reforma do Conselho, embora o objetivo ainda esteja distante.
Segundo Hong, a China
"apoia uma reforma razoável
e necessária e manterá prioridade para dar mais representação aos países em desenvolvimento" no organismo.
O porta-voz afirmou que a
China deseja manter contatos e negociar com outros
membros da ONU, incluindo
a Índia, a reforma do CS.
A China é um dos cinco
membros permanentes do
CS, junto com EUA, Reino
Unido, França e Rússia.
Já a Índia é parte do G4,
junto com Alemanha, Japão
e Brasil, países que fazem
campanha diplomática para
serem incluídos como membros permanentes .
Os dois países mais populosos do mundo têm uma
fronteira tensa, em meio a arrastadas negociações bilaterais para demarcar território.
Em 1962, a disputa chegou a
provocar uma curta guerra.
Além disso, a Índia vê na
China um aliado militar do
Paquistão, seu principal adversário histórico.
Por outro lado, Índia e China fazem parte do Bric, fórum
de emergentes que inclui ainda Brasil e Rússia.
Anteontem, em visita a
Nova Déli, Obama disse que
os EUA apoiam a entrada da
Índia no CS, em meio a uma
série de ações diplomáticas
de Washington para se aproximar de países asiáticos que
poderiam contrabalançar a
crescente influência chinesa.
Obama não falou em prazo
para a realização da reforma
do CS. O conselho tem como
principal responsabilidade a
manutenção da segurança e
da paz internacional.
O itinerário do presidente
americano, que ontem estava na Indonésia, inclui Japão
e a Coreia do Sul -neste, participa da cúpula do G20.
Em comum, todos são democracias que mantêm relações difíceis com a China.
BRASIL
O chanceler Celso Amorim
disse ontem que o apoio dos
EUA à Índia não atrapalha a
pretensão do Brasil de ter assento permanente no órgão.
Ele argumentou que os
dois países não brigam pela
mesma vaga porque, se houver reforma do conselho, todos os continentes terão que
estar representados. Segundo Amorim, é certo que num
cenário de mudanças o Brasil
tem presença garantida.
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