São Paulo, terça, 10 de novembro de 1998

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REPUBLICANOS EM CRISE
Moderado fica sozinho na corrida pela presidência da Câmara dos Representantes (deputados ) dos EUA
Rival de Livingston abandona disputa

MARCELO DIEGO
de Nova York

"A disputa para a presidência da Câmara não será mais uma disputa." Com a frase, o deputado Christopher Cox, 48, retirou sua candidatura ontem e praticamente garantiu seu colega republicano Bob Livingston, 55, no cargo.
Os republicanos vão escolher seu candidato no dia 18. A disputa final será no dia 6 de janeiro.
O vencedor vai substituir Newt Gingrich, que desistiu da reeleição após ser acusado pelo partido de ser responsável pela perda de cinco cadeiras republicanas na Câmara, na eleição geral nos EUA, que aconteceu semana passada.
Cox apresentou duas razões para desistir. A primeira foi numérica. "Livingston tem cerca de cem votos garantidos. O máximo que eu vou conseguir reunir será 90."
O presidente da Câmara é escolhido por eleição direta. Os republicanos têm maioria no plenário, com 223 representantes, contra 211 democratas.
A outra razão apontada por Cox foi a necessidade de união do partido. "Livingston merece todo o nosso apoio em seu novo desafio", declarou Cox.
Cox enviou uma carta a todos os partidários explicando sua decisão e pedindo apoio e união para "resolver as diferenças internas".
Ele e Livingston fazem parte de uma tendência mais moderada entre os republicanos. Depois de a liderança ficar na mão dos opositores mais radicais, Cox disse estar com medo de os moderados naufragarem em uma batalha interna.
Os elogios a Livingston saíram até mesmo da Casa Branca, que tem um presidente (Bill Clinton) democrata.
"Bob (Livingston) tem um perfil mais conciliatório. Já trabalhamos com ele e percebemos que algumas vezes você tem de abrir mão de certas coisas. Mas, em outras, ele também cede", disse Joe Lockhart, porta-voz da Casa Branca.
"O presidente espera que o novo Congresso consiga ouvir o apelo para temas como a reforma do seguro social e a necessidade de melhorias na educação", disse.
Livingston deu mostras de um discurso mais contido ontem. "Estou disposto a trabalhar com todo mundo para fazer o melhor possível", afirmou.
Ele sorriu ao ouvir o mote da campanha para a presidência da Câmara: "Eu não sou o Newt".
Livingston recebeu em casa, ontem de manhã, o líder republicano na Câmara, Dick Armey. O cargo também está sendo pretendido por Steve Largent (de Oklahoma), que chegou a propor uma dobradinha eleitoral com Livingston, negada por ele.
Segundo uma porta-voz, Armey (que é ligado a Gingrich) deu os parabéns a Livingston pela provável eleição.
Recebeu em troca a promessa de neutralidade na disputa da liderança do partido.
Segundo a rede de TV CNN, contudo, Livingston estaria procurando um terceiro nome para incluir na disputa. Ele teria atrito com os dois candidatos.
Livingston foi reeleito pela Louisiana. Formado em artes, com doutorado em direito, ele é deputado desde 1977. Sua principal meta foi a redução do orçamento federal.
Ele foi responsável pelo corte de 300 programas, o que economizou cerca de US$ 50 bilhões aos cofres públicos.



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