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São Paulo, quarta-feira, 10 de dezembro de 2003

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RÚSSIA

Ataque a pouco metros da sede do governo ocorre dois dias após a eleição parlamentar em que Putin teve vitória expressiva

Mulher-bomba mata 5 perto do Kremlin

Alexander Zemlianichenko/Associated Press
Agente de segurança russo, com roupa especial, passa por corpo de vítima do atentado cometido ontem no centro de Moscou


DA REDAÇÃO

Um ataque suicida realizado por uma mulher-bomba matou ao menos cinco pessoas e deixou outras 13 feridas diante do hotel Nacional, no centro de Moscou. A terrorista também morreu no local. Foi o terceiro ataque terrorista apenas neste ano na capital russa. Em todos, o governo federal atribui a autoria aos rebeldes tchetchenos, que lutam pela independência daquela república.
Autoridades de segurança informaram que o alvo provável era o prédio da Duma (Câmara Baixa do Parlamento), localizado perto do local da explosão. No último domingo, foram realizadas eleições parlamentares no país, nas quais saiu vitorioso o bloco aliado ao presidente Vladimir Putin.
"Podemos dizer com certeza que foi um ato terrorista ligado à eleição da Duma", disse Sergei Tsoi, porta-voz da prefeitura.
O local da explosão é, no entanto, bem mais próximo do Kremlin (sede governo russo). Putin faria uma reunião marcada ali logo depois da hora da explosão, ocorrida pouco antes das 11h locais.
O prefeito de Moscou, Yuri Luzhkov, disse que duas mulheres -possivelmente a terrorista suicida e uma cúmplice- estavam aparentemente perdidas pouco antes da explosão e perguntaram a um pedestre como chegar ao prédio da Duma.
"Existe uma óbvia conexão tchetchena", disse Luzhkov.
Pouco mais tarde, o Ministério do Interior disse que a polícia estava investigando o envolvimento de uma terceira pessoa.
"Evidentemente, a bomba foi detonada por acidente", disse Luzhkov, de acordo com a agência de notícias Interfax. "O hotel Nacional não é o lugar onde os suicidas haviam planejado explodir a bomba."

Insegurança
A explosão de ontem trouxe ainda mais intranquilidade à população da capital russa. Apenas neste ano, quase 300 pessoas morreram em ataques em Moscou e na região da Tchetchênia, localizada no sul do país.
Luzhkov disse que câmeras colocadas perto da entrada do hotel gravaram imagens da mulher-bomba, que estava discretamente vestida com um casaco de cor clara e carregava uma bolsa.
Segundo o prefeito, a bolsa estava carregada com explosivos e a terrorista também usava um cinto-bomba, provavelmente com bolas metálicas.
A explosão estilhaçou as janelas do hotel de luxo e destruiu um carro estacionado na calçada. Alguns dos corpos ficaram esquartejados -uma mulher teve a cabeça decapitada. Pedaços de carne foram encontrados a até 30 metros da explosão.
Doze pessoas foram hospitalizadas, das quais cinco estavam em estado grave, informaram autoridades médicas.

Atentados e combates
Nenhum grupo assumiu a autoria do ataque, mas o governo russo tem responsabilizado os rebeldes tchetcheno pelos atentados, como o ocorrido na semana passada, quando 44 passageiros de um trem morreram na divisa russa com a Tchetchênia.
As forças russas tentam controlar a Tchetchênia, que tem maioria muçulmana, desde 1999, em resposta a ataques realizados em regiões da Rússia próximas à república. De 1994 a 1996, uma guerra malsucedida contra os separatistas havia levado a região à independência.
Segundo fontes oficiais, ataques rebeldes na Tchetchênia e explosões de minas terrestres mataram quatro soldados e deixaram outros 12 feridos entre segunda-feira e ontem.
A imprensa local tem publicado histórias sobre um suposto esquadrão de terroristas suicidas - as "viúvas negras"-, que estaria vingando mortes de parentes na Tchetchênia.

Com agências internacionais


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