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São Paulo, quarta-feira, 10 de dezembro de 2003

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ORIENTE MÉDIO

Palestinos fazem críticas a unilateralismo

Sharon afirma que poderá remover assentamentos; colonos protestam

DA REDAÇÃO

O premiê de Israel, Ariel Sharon, disse ontem que poderá ordenar uma remoção unilateral de assentamentos judaicos nos territórios palestinos, caso as negociações do plano de paz fracassem.
A declaração, dada à comissão de relações exteriores do Knesset (Parlamento de Israel), foi criticada tanto pela ANP (Autoridade Nacional Palestina) quanto por colonos judeus e partidos mais radicais da coalizão governista.
Em reunião de gabinete no mês passado, Sharon já havia levantado a hipótese de remover assentamentos judaicos isolados.
"Israel talvez remova assentamentos que estão além da linha verde [fronteira entre a Cisjordânia e Israel] por razões de segurança", afirmou Sharon.
O premiê não entrou em detalhes sobre quando ocorreria essa remoção. Tampouco informou quais seriam os assentamentos a serem desmantelados.
Jornais israelenses disseram que o plano de Sharon seria desmantelar alguns assentamentos isolados na Cisjordânia e todos os existentes na faixa de Gaza. Dessa forma, Israel incorporaria ao país as colônias restantes -principalmente as que estão do lado israelense da barreira que está sendo construída para separar o país das áreas palestinas-, anexando parte da Cisjordânia.
Ehud Yatom, membro do Likud (partido de Sharon) e da comissão no Knesset, disse que saiu da reunião com o premiê com a impressão de que a "retirada dos assentamentos é uma questão de tempo". A possível remoção dos assentamentos seria uma mudança da posição histórica de Sharon e de seus aliados, que tradicionalmente apóiam a expansão das colônias judaicas.
"Nunca imaginamos que o partido que apoiamos [o Likud] pudesse propor passos unilaterais sem um acordo de paz e dizendo aos terroristas: "Ei, Israel está dando território de presente para vocês"", disse Shaul Yahalom, líder do Partido Nacional Religioso, ligado aos colonos.
"Retirar os judeus da terra de Israel contradiz o sionismo e premia o terror", disse o porta-voz dos colonos Yehoshua Yosef.
Segundo o ministro palestino Saeb Erekat, "passos unilaterais não levarão à paz entre israelenses e palestinos". O premiê palestino, Ahmed Korei, pediu que o governo israelense desse "uma chance às negociações bilaterais".
Os EUA são contra às ações unilaterais de Israel.

Jihad Islâmico
Nafez Azzam, membro da direção do Jihad Islâmico, disse que o grupo terrorista aceitaria um Estado palestino provisório nos territórios ocupados por Israel em 1967 [Cisjordânia, faixa de Gaza e Jerusalém Oriental]. Caso outras autoridades confirmem a informação, será a primeira vez que o grupo concorda com um compromisso desse tipo. O Jihad Islâmico sempre defendeu a criação de um Estado na Palestina histórica, que incluí o que é hoje Israel.


Com agências internacionais


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