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Zelaya negocia deixar embaixada do Brasil
Na noite de ontem, governo interino hondurenho autorizou saída de presidente deposto, que poderia partir rumo ao México
Teor jurídico de autorização era desconhecido, e deposto não confirmou sua viagem; já eleito defendeu anistia aos envolvidos na crise
Jeffrey Arguedas - 8.dez.09/Efe
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A partir da esq., panamenho Ricardo Martinelli, Óscar Arias e Porfirio Lobo; presidente eleito de Honduras quer "reconciliação"
DA REDAÇÃO
Após mais de dois meses
abrigado na Embaixada do Brasil em Tegucigalpa, o presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, negociava sua saída do local na noite de ontem,
provavelmente rumo ao México, segundo fontes ligadas ao
político e declarações do encarregado de negócios da embaixada, Francisco Catunda, à
GloboNews.
Segundo as agências de notícias, a saída de Zelaya foi autorizada pelo governo interino,
mas o deposto, por sua vez, se
negava a confirmar sua viagem
e disse que "não pedira asilo político a nenhum país" -ao contrário do que fora informado
extraoficialmente e sob anonimato por fontes mexicanas. O
teor jurídico da autorização dos
golpistas era desconhecido até
o fechamento desta edição.
O Itamaraty disse ontem à
Folha Online que foi informado
por Zelaya de suas negociações
para obter um salvo-conduto e
deixar Honduras, mas reiterou
que essas negociações envolvem o México, Honduras e
"eventuais terceiros países",
mas não o Brasil.
Segundo fontes do governo
mexicano que não quiseram se
identificar, um avião enviado
pela Cidade do México partira
rumo a Tegucigalpa (que está
quatro horas atrás do horário
de Brasília) para buscar o deposto e sua família, e as forças
de segurança de Honduras aumentaram a segurança em
frente à embaixada do Brasil.
Anistia
Zelaya teria passado o dia
conversando com líderes latino-americanos e caribenhos
para tentar uma saída para a
crise hondurenha, enquanto o
presidente eleito de Honduras,
Porfirio Lobo, defendeu em visita à Costa Rica anistiar todos
os envolvidos na crise política
desatada pelo golpe de 28 de junho, a fim de obter apoio ao seu
governo e reverter o isolamento internacional do país.
A eventual anistia teria como
principal beneficiário o próprio
Zelaya, acusado na Justiça por
18 crimes políticos envolvendo
sua tentativa de promover uma
Assembleia Constituinte considerada ilegal pelo Congresso
e a Suprema Corte -e estopim
do golpe em que foi deposto.
A medida, no entanto, poderia absolver preventivamente
de eventuais acusações ligadas
ao golpe o presidente interino,
Roberto Micheletti, e os outros
atores que estiveram na linha
de frente da deposição de Zelaya, sobretudo juízes da Suprema Corte e o chefe das Forças
Armadas, Romeo Vásquez.
Zelaya foi deposto sob ordem
da Suprema Corte, por militares liderados por Vásquez e enviado para a Costa Rica de pijamas. Ele voltaria a Honduras
clandestinamente só no dia 21
de setembro, tendo se abrigado
na embaixada do Brasil.
Para vingar, porém, a anistia
defendida pelo presidente eleito precisaria ainda do aval do
Congresso. Na próxima legislatura, o PN (Partido Nacional),
de Lobo, terá maioria na Casa.
Com agências internacionais
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