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Bush vai enviar mais soldados ao Iraque
Além de 20 mil homens adicionais, nova estratégia inclui ajuda de US$ 1 bilhão e metas de segurança ao governo iraquiano
Presidente admite que erros foram cometidos; oposição
democrata quer realizar votações simbólicas no Congresso para isolar Bush
DA REDAÇÃO
A esperada nova estratégia
dos Estados Unidos para o Iraque inclui o envio de cerca de
20 mil soldados adicionais ao
país, a concessão de US$ 1 bilhão em ajuda econômica e o
estabelecimento de metas de
segurança a serem cumpridas
pelo governo de Bagdá. O plano
foi apresentado ontem pelo
presidente George W. Bush, em
pronunciamento à nação
transmitido pela TV.
Uma das principais metas da
nova estratégia dos EUA é a de
que o governo iraquiano assuma o controle da segurança das
18 Províncias do país até novembro deste ano.
Falando da biblioteca da Casa Branca, Bush admitiu que
erros foram cometidos e reconheceu a necessidade de uma
nova estratégia para o Iraque,
que se concentrará na segurança de Bagdá. "A prioridade mais
urgente para o sucesso no Iraque é a segurança, especialmente em Bagdá", disse o presidente. "Oitenta por cento da
violência sectária ocorre num
raio de 30 milhas [48 km] da capital."
"Mudança fundamental"
Segundo o diretor de Comunicação da Casa Branca, Dan
Bartlett, o novo contingente
americano atuará apenas em
apoio às forças iraquianas,
diante da promessa do governo
do Iraque de fazer uma "mudança fundamental" em sua
política de segurança. Bartlett
disse que o premiê iraquiano,
Nuri al Maliki, aceitou o aumento do número de soldados
do país em Bagdá e o fim das
restrições que protegiam as milícias xiitas na capital como
condições para o envio de mais
tropas dos EUA.
"O presidente Bush não enviaria um soldado a mais a Bagdá se não fosse com base em
uma nova estratégia, com novos resultados a serem esperados", disse Bartlett, que foi a vários programas de TV para promover o plano. Ao anunciar a
nova estratégia, o presidente
reconheceu o fracasso do conceito adotado até agora para
conter a violência no Iraque,
admitindo que foi um erro não
ter enviado mais soldados ao
país após a queda de Saddam
Hussein.
"A situação no Iraque é inaceitável para o povo americano.
É inaceitável para mim. Se houve erros, a responsabilidade é
minha", disse o presidente
Bush em seu pronunciamento.
De acordo com o "New York
Times", a decisão de mandar
mais soldados obrigará o governo a enviar, a partir de 2008, ao
menos seis brigadas, com cerca
de 4.000 soldados cada, da reserva (Guarda Nacional).
Em sua nova estratégia, Bush
ignora as recomendações feitas
por um grupo de estudos bipartidário em dezembro, entre
elas a de negociar com países
considerados inimigos, como
Irã e Síria, e acusa os dois países
de permitir a entrada de insurgentes no Iraque.
O esforço de relações públicas da Casa Branca em torno da
nova estratégia, que começou a
ser elaborada há três meses, incluiu conversas de Bush com
pelo menos cem congressistas
dos dois partidos nos últimos
dias, além de telefonemas a líderes de países aliados, como
Reino Unido, Austrália e Dinamarca. Na semana passada,
Bush manteve longa conversa
por videoconferência com o
premiê iraquiano, Nuri al Maliki, para expor o plano.
A campanha, porém, não
conseguiu mudar o crescente
repúdio nos EUA ao envio de
mais soldados para uma guerra
que já matou mais de 3.000
americanos e cerca de 50 mil civis iraquianos. A oposição democrata, que passou a controlar o Congresso, anunciou ontem a intenção de realizar votações simbólicas sobre o plano
de Bush, para forçar legisladores republicanos a expor sua
oposição ao plano e aumentar o
isolamento do presidente.
Um dos principais defensores da nova estratégia, o senador republicano John McCain,
argumentou que não há alternativa. "Pode não ser nossa última chance, mas é o mais próximo disso que eu posso imaginar", disse o veterano da Guerra do Vietnã e um dos principais candidatos republicanos à
sucessão de Bush.
Há 132 mil soldados americanos no Iraque hoje, número
que flutuou nos últimos quatro
anos de acordo com necessidades específicas e o sistema de
rodízio do Exército. O efetivo,
que na invasão de 2003 era de
90 mil soldados, chegou a 159
mil em janeiro de 2005, durante as eleições iraquianas.
Enquanto o debate nos EUA
se tornava mais intenso, entre
os membros do governo iraquiano o envio de mais soldados americanos era saudado
como uma boa notícia. Para o
chanceler Hoshyar Zebari, a
necessidade de reforço é urgente e tem mais chances de funcionar do que no passado. "Será
diferente desta vez", disse Zebari. "Há uma combinação de
medidas de segurança, políticas
e econômicas."
Com agências internacionais
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