São Paulo, domingo, 11 de janeiro de 2009

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Israel adverte que vai intensificar ofensiva

País lançou panfletos sobre faixa de Gaza advertindo moradores, um dia após rechaçar resolução de cessar-fogo da ONU

Presidente da ANP criticou Israel e o Hamas: "Quem não aceita a trégua terá que assumir a responsabilidade pelo banho de sangue"

MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL A JERUSALÉM

A aviação israelense lançou ontem panfletos sobre a faixa de Gaza advertindo os moradores de que ampliará a sua ofensiva contra o grupo islâmico Hamas, que hoje completa 16 dias. Na sexta-feira, o governo havia dado luz verde à terceira fase da operação militar, depois de rejeitar a resolução de cessar-fogo aprovada no Conselho de Segurança das Nações Unidas -que também não foi aceita pelo Hamas.
Enquanto Israel mantém a ofensiva aérea e começa a aprofundar a invasão de Gaza, a diplomacia internacional continua incapaz de pôr fim à crise.
Além da rejeição à proposta da ONU, o impasse se estende ao plano franco-egípcio, que emperrou nas divergências em torno do mecanismo de controle da fronteira de Gaza com o Egito para impedir a entrada de armas para o Hamas.
O jornal britânico "Times" noticiou que diplomatas europeus estão tentando romper o impasse com uma proposta que devolveria o controle da fronteira a forças da Autoridade Nacional Palestina (ANP), do presidente Mahmoud Abbas. Os soldados palestinos seriam ajudados por monitores turcos e franceses.
Consultado pela Folha, o chefe-de-gabinete de Abbas praticamente descartou a idéia, lembrando que não há comunicação entre Fatah e Hamas. "Como podemos ter policiais na fronteira se do outro lado não temos controle?", questionou Rafiq Husseini. "Isso não funcionaria."
No Cairo, Abbas criticou Israel e o Hamas por não aceitarem o cessar-fogo. "Quem não aceita a trégua, lamentavelmente, terá que assumir a responsabilidade pela continuação do banho de sangue."
Israel insiste em que não aceitará um cessar-fogo antes de garantir pelo menos dois objetivos: acabar com o disparo de foguetes contra seu território e impedir que o grupo se rearme através da fronteira com o Egito. Para isso, tem bombardeado os túneis que servem para o contrabando e exigido um "mecanismo" de supervisão internacional para quando a ofensiva terminar.
Ao mesmo tempo em que impõe suas condições, Israel mantém a pressão militar contra alvos relacionados ao Hamas. Em mais de 40 bombardeios na madrugada de sábado, a aviação afirmou ter matado 15 militantes do grupo fundamentalista, além de destruir túneis e depósitos de armas.
Segundo fontes médicas palestinas, os mortos na ofensiva israelense já chegam a 821. Porta-vozes do Hamas dizem que mais de um terço do total é de crianças. Nove soldados israelenses foram mortos, além de quatro civis em foguetes disparados de Gaza.


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