São Paulo, segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

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EUA descartam envio de tropas ao Iêmen

Americanos darão ajuda de US$ 150 milhões ao país; general diz que Paquistão e Afeganistão ainda são centro da guerra antiterror

Senadores oposicionistas pedem que autoridades antiterror sejam punidas por falhas que permitiram tentativa de ataque ao país

FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK

Os EUA descartaram intervenção militar no Iêmen para combater a crescente influência da Al Qaeda na região, mas prometeram enviar mais de US$ 150 milhões em ajuda ao governo do país ontem.
Em entrevista publicada na revista "People", o presidente dos EUA, Barack Obama, afirmou que não existe "nenhuma intenção" de enviar tropas ao Iêmen ou à Somália para enfrentar a Al Qaeda.
"Neste ponto, trabalhar com a cooperação de parceiros internacionais é a saída mais eficaz", disse Obama. O presidente acrescentou, porém, que, para o futuro, não descarta "nenhuma possibilidade em um mundo complexo".
Segundo o general David Petraeus, chefe do Comando Central dos EUA, o governo do Iêmen não quer a presença de militares americanos no país, mas teria reiterado o compromisso em combater a rede terrorista.
O general Petraeus deu declarações à rede CNN na mesma linha das de Obama: "Sempre queremos que a nação em questão lide ela mesma com seus problemas. Queremos ajudar, dando assistência", disse.
Petraeus afirmou que os EUA mais do que dobrarão sua ajuda financeira ao Iêmen, atualmente de US$ 70 milhões.
As operações da Al Qaeda e de grupos radicais islâmicos no Iêmen ganharam nova relevância no radar político e militar americano depois que o nigeriano Umar Farouk Abdulmutallab tentou explodir no último Natal um avião da Northwest vindo da Holanda.
Abdulmutallab, 23, que sido treinado pela Al Qaeda no Iêmen, não conseguiu acionar completamente os explosivos que carregava, foi preso e agora será processado nos EUA.
Apesar da preocupação com o Iêmen, cujo governo também enfrenta rebeliões de insurgentes domésticos, o general afirmou que a principal frente da luta antiterror travada pelos americanos segue sendo a zona fronteiriça entre o Paquistão e o Afeganistão.
Petraeus afirmou ainda que as Forças Armadas dos EUA têm um plano de contingência para as instalações nucleares do Irã -sugerindo um possível ataque-, mas não deu detalhes.
Também ontem, os senadores John McCain (republicano) e Joe Lieberman (independente) afirmaram que o governo democrata de Obama deveria punir os responsáveis pelas falhas de segurança que permitiram a Abdulmutallab representar a maior ameaça aos EUA desde os ataques de 11 de setembro de 2001.
Apesar de vários alertas a respeito de Abdulmutallab (o próprio pai informou aos EUA que o filho adotara "posições radicais"), ele não teve seu visto de entrada nos EUA cancelado e conseguiu embarcar em uma aeronave americana portando explosivos.


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