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São Paulo, terça-feira, 11 de fevereiro de 2003

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ÁSIA

É o primeiro julgamento de dissidente sob essa acusação

China acusa ativista pró-democracia de "terror" e o condena à perpétua

BENJAMIN KANG LIM
DA REUTERS, EM PEQUIM

Um tribunal chinês condenou um dissidente residente nos EUA à prisão perpétua por "organizar e liderar um grupo terrorista". É a primeira vez que a acusação de terrorismo é usada para condenar um ativista pró-democracia.
A agência de notícias oficial Xinhua disse que Wang Bingzhang, 55, conspirou para explodir a embaixada chinesa na capital tailandesa, Bancoc, em 2001, e fez preparativos para construir uma base de treinamento de terroristas na Tailândia. Wang também foi acusado de espionagem em favor de Taiwan.
A sentença, que talvez seja a mais pesada desse tipo desde a repressão contra os manifestantes da praça Tiananmen, em 1989, suscitou protestos imediatos de grupos internacionais de defesa dos direitos humanos.
Wang, que possui doutorado em pesquisas médicas e mora em Nova York desde 1982, foi condenado em Shenzhen, no sul da China, após um julgamento a portas fechadas realizado em janeiro e que durou um dia. Ativistas pelos direitos humanos disseram que ele foi sequestrado por agentes de segurança chineses quando estava no Vietnã, em 2002. Não ficou claro se irá apelar da sentença.
De acordo com a Xinhua, Wang escreveu e publicou livros e divulgou artigos em sites "agitando atividades terroristas".
Após os atentados de 11 de setembro de 2001, os EUA lançaram uma guerra mundial contra o terrorismo. Desde então, a China vem acusando grupos muçulmanos separatistas na região de Xinjiang, no norte do país, de atos terroristas, supostamente cometidos durante sua campanha pela independência, às vezes violenta.
A família de Wang ficou atordoada. "Estamos em choque. Não existe justiça neste mundo", disse sua irmã, Julie, que vive em San Diego (Califórnia). "Uma sentença tão abusiva é motivo de vergonha não apenas para a China, mas também para os países que continuam a fazer negócios com ela", disse o movimento China Livre, sediado em Washington.
Wang entrou na China em janeiro de 1998, usando um passaporte falso, para ajudar a criar o Partido de Democracia e Justiça na China. Ele foi preso e expulso do país no mês seguinte, para evitar desentendimentos entre Washington e Pequim.
Para o governo da China, Wang é cidadão do país. Sua família diz que ele renunciou à cidadania chinesa e tem residência permanente nos EUA, de modo que não deveria ser julgado na China.


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