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ÁSIA
É o primeiro julgamento de dissidente sob essa acusação
China acusa ativista pró-democracia de "terror" e o condena à perpétua
BENJAMIN KANG LIM
DA REUTERS, EM PEQUIM
Um tribunal chinês condenou
um dissidente residente nos EUA
à prisão perpétua por "organizar
e liderar um grupo terrorista". É a
primeira vez que a acusação de
terrorismo é usada para condenar
um ativista pró-democracia.
A agência de notícias oficial Xinhua disse que Wang Bingzhang,
55, conspirou para explodir a embaixada chinesa na capital tailandesa, Bancoc, em 2001, e fez preparativos para construir uma base de treinamento de terroristas na Tailândia. Wang também foi
acusado de espionagem em favor
de Taiwan.
A sentença, que talvez seja a
mais pesada desse tipo desde a repressão contra os manifestantes
da praça Tiananmen, em 1989,
suscitou protestos imediatos de
grupos internacionais de defesa
dos direitos humanos.
Wang, que possui doutorado
em pesquisas médicas e mora em
Nova York desde 1982, foi condenado em Shenzhen, no sul da China, após um julgamento a portas
fechadas realizado em janeiro e
que durou um dia. Ativistas pelos
direitos humanos disseram que
ele foi sequestrado por agentes de
segurança chineses quando estava no Vietnã, em 2002. Não ficou
claro se irá apelar da sentença.
De acordo com a Xinhua, Wang
escreveu e publicou livros e divulgou artigos em sites "agitando atividades terroristas".
Após os atentados de 11 de setembro de 2001, os EUA lançaram
uma guerra mundial contra o terrorismo. Desde então, a China
vem acusando grupos muçulmanos separatistas na região de Xinjiang, no norte do país, de atos
terroristas, supostamente cometidos durante sua campanha pela
independência, às vezes violenta.
A família de Wang ficou atordoada. "Estamos em choque. Não
existe justiça neste mundo", disse
sua irmã, Julie, que vive em San
Diego (Califórnia). "Uma sentença tão abusiva é motivo de vergonha não apenas para a China, mas
também para os países que continuam a fazer negócios com ela",
disse o movimento China Livre,
sediado em Washington.
Wang entrou na China em janeiro de 1998, usando um passaporte falso, para ajudar a criar o
Partido de Democracia e Justiça
na China. Ele foi preso e expulso
do país no mês seguinte, para evitar desentendimentos entre Washington e Pequim.
Para o governo da China, Wang
é cidadão do país. Sua família diz
que ele renunciou à cidadania
chinesa e tem residência permanente nos EUA, de modo que não
deveria ser julgado na China.
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