São Paulo, quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

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Artigo

EUA são o único caminho para a paz

GIDEON RACHMAN
DO "FINANCIAL TIMES"

Ninguém parece esperar que muita coisa mude como resultado da eleição em Israel. Os políticos israelenses gostam de falar sobre ameaças "existenciais" ao seu país, mas continuam a evitar escolhas existenciais sobre o futuro de Israel.
Quem quer que esteja à procura de algo capaz de romper o sangrento impasse entre Israel e os palestinos teria de observar o cenário para além da política israelense. E a melhor esperança, por mais modesta que seja, está no governo Obama.
Qualquer governo que venha a emergir da eleição penderá para a direita. Qualquer novo premiê que tome medidas controvertidas sobre, por exemplo, as colônias israelenses na Cisjordânia, veria um desmantelamento rápido de sua coalizão.
O próximo governo israelense, se agir sem interferência externa, provavelmente optará por manter as coisas como estão com os palestinos -ocupação continuada da Cisjordânia, negociações de paz apenas simbólicas e uso da força militar contra ataques com foguetes ou bombas. A busca de uma solução de longo prazo será deixada de lado, com o argumento de que os palestinos estão divididos.
Ainda que a direita israelense venha tentando manter polidez sobre o novo presidente americano, não resta dúvida de que Obama é suspeito aos seus olhos. A direita teme que ele venha a se provar muito mais simpático aos palestinos do que George W. Bush foi.
Quaisquer que sejam as crenças de Obama sobre a disputa entre israelenses e palestinos, já está claro que o novo presidente a encara como prioridade. Seu enviado ao Oriente Médio, George Mitchell, foi o autor de um relatório, em 2001, que assumia postura dura quanto à suspensão da instalação de colônias israelenses nos territórios palestinos.
Os israelenses estão preocupados com a perspectiva de pressão americana. Mas, caso o governo Obama exerça pressão muito mais intensa sobre Israel por um acordo de paz com os palestinos, na verdade estaria fazendo um favor ao país.
Pois a maior ameaça existencial a Israel não é o Irã ou o Hamas, mas sim a perspectiva de que os judeus venham a ser superados em número pelos árabes no território de Israel e da Palestina. A escolha existencial envolve três opções: dois Estados; um Estado sem maioria judaica; ou um Estado não democrático em que Israel seria uma potência de ocupação permanente sobre uma Palestina desprovida do direito ao voto, violenta e anárquica.


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