|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Cruz Vermelha elogia Brasil e diz que Uribe vetou Chávez
HUDSON CORRÊA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Para o CICV (Comitê Internacional da Cruz Vermelha), o
Brasil soube "ser discreto e
neutro" na missão que retirou
das selva reféns libertados pelas Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), na
semana passada. Segundo a entidade, o país entrou na operação após veto de Bogotá à participação da Venezuela.
As informações são dos chefes de delegações do CICV, Michel Minnig, baseado na Argentina, e Christophe Beney, na
Colômbia, que estão em Brasília para, segundo disseram,
agradecer ao governo brasileiro
pela participação e abrir perspectivas de novas operações.
Minnig e Beney se reuniram
ontem com o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, secretário-geral do Itamaraty, e
devem falar hoje com Marco
Aurélio Garcia, assessor especial da Presidência.
O Exército brasileiro deu
apoio logístico à missão cedendo dois helicópteros Cougar e
18 militares para transporte de
seis reféns -sem envolver-se
em negociações com as Farc.
Beney e Minnig confirmaram que os voos militares colombianos provocaram tensão
no primeiro dia da missão, em
1º de fevereiro. "Tive de entrar
em contato com o Ministério
da Defesa [colombiano], com o
ministro mesmo, para que ele
parasse todos os voos na zona.
Depois que acionei o ministro,
os voos pararam. A tensão baixou um pouco", disse Beney.
Para o governo Álvaro Uribe,
tratou-se de um "erro de boa-fé". Os voos provocaram controvérsia entre Bogotá e os mediadores e adiaram por um dia
a libertação de um dos reféns.
Os brasileiros envolvidos na
missão não se pronunciaram
sobre os voos. Para Beney, o
país "compreendeu muito bem
o valor de ficar no seu lugar como um protagonista fundamental neutro e humanitário".
Durante os preparativos da
missão, o grupo de mediadores
Colombianos pela Paz queria
repetir a participação da Venezuela, que atuou em libertações
unilaterais em 2008, em meio a
intensa troca de acusações entre Hugo Chávez, então próximo das Farc, e Uribe. "O governo colombiano disse não." Como a guerrilha não aceitou o
envolvimento do Exército colombiano, o CICV fez o convite,
e "o Brasil respondeu em um
dia", disse Minnig.
O comitê disse continuar em
negociações com as Farc, mas
não opinou sobre a proposta de
intercambio humanitário encampada pela guerrilha (troca
de reféns por rebeldes presos).
Texto Anterior: Indulgência volta à voga na Igreja Católica Próximo Texto: Argentina: Ex-general é julgado após perder indulto Índice
|