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EUA reforçam sanções unilaterais ao Irã
Medida, paralela a conversas por punições da ONU, visa empreiteira acusada de financiar programa nuclear iraniano
Casa Branca ainda busca apoio do governo chinês para emplacar resolução no CS contra Teerã, que nega querer a bomba atômica
Hans Punz/Associated Press
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O embaixador do Irã junto à agência nuclear da ONU (AIEA), Ali Asghar Soltanieh, discursa na sede do órgão, em Viena, Áustria
DA REDAÇÃO
Os EUA já definiram os contornos da resolução que será
submetida ao Conselho de Segurança da ONU para impor
novas sanções ao Irã. Mas, antecipando-se à possibilidade de
a China usar seu poder de veto
contra o texto, a Casa Branca
decretou ontem novas punições unilaterais a Teerã.
Segundo o Departamento do
Tesouro, as medidas visam fechar o cerco contra a Guarda
Revolucionária, pedra angular
da República Islâmica, acusada
pelos EUA de financiar o terrorismo e desenvolver armas de
destruição em massa -alusão
ao programa nuclear que o Irã
nega ter fins bélicos.
As novas punições têm como
alvo quatro subsidiárias da
Khatam al Anbiya, megaempreiteira usada como braço de
construção e engenharia da
Guarda Revolucionária -facção de 150 mil homens que ampara o regime nas esferas militar, ideológica e econômica.
A moção de ontem reforça a
proibição (adotada em 2007
sob George W. Bush) de transações dessas empresas nos EUA
e o congelamento de quaisquer
ativos que tenham sob jurisdição americana. O diretor da
Khatam al Anbyia, general Rostam Qasemi, também é visado
pelas sanções.
Os EUA alegam que a rede de
Qasemi usa sua ampla atuação
no Irã -construção de estradas, túneis, projetos agrícolas,
gestão do aeroporto de Teerã-
e contatos no exterior para arrecadar fundos para supostos
interesses bélicos iranianos.
As sanções somam-se a uma
lista de medidas unilaterais decretadas desde 1980, quando
Irã e EUA romperam relações
depois que militantes iranianos, em represália ao asilo dado
pela Casa Branca ao xá deposto,
tomaram 52 reféns na embaixada americana em Teerã. O
sequestro durou 444 dias.
Céticos dizem que as medidas são inócuas, já que membros do regime iraniano geralmente não buscam viajar aos
EUA nem fazer contatos com
empresas americanas.
Em complemento às sanções
unilaterais, os EUA pressionaram o CS a adotar três ciclos de
punições contra o Irã desde
2002, quando foi revelada a
existência de atividades nucleares de Teerã não notificadas à agência da ONU (AIEA).
Apesar de nunca ter sido provado que o Irã busca a bomba
atômica, as sanções foram aplicadas sob pretexto de que Teerã não colabora o suficiente
com as inspeções da AIEA.
A Casa Branca segue buscando emplacar uma quarta rodada de medidas no CS. Segundo
revelou ontem o "New York Times", o novo texto pretende
ampliar a lista de iranianos
proibidos de viajar e o de empresas com bens bloqueados no
exterior. Para convencer a China, receosa em punir o aliado
persa, que lhe fornece petróleo,
os EUA estariam costurando
um acordo com as monarquias
do golfo Pérsico para assegurar
o abastecimento de Pequim.
Ontem, surgiram relatos de
que o Irã ainda não começou a
enriquecer urânio a 20%, como
anunciou anteontem, ou o está
fazendo a ritmo lento. Teerã diz
que o aumento no processamento do material tem fins medicinais, e não militares, e que a
decisão de enriquecer urânio
por conta própria foi tomada
depois que o Ocidente menosprezou seu aval a um plano da
AIEA para que os estoques iranianos fossem tratados no exterior. O Irã reiterou ontem
que a oferta ainda está sobre a
mesa e que, se for aceita, interromperá o maior enriquecimento de urânio.
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