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São Paulo, terça-feira, 11 de março de 2003

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IRAQUE NA MIRA

EUA não conseguem apoio a projeto de resolução contra o Iraque e adiam votação no Conselho de Segurança

Paris e Moscou dizem que vetarão resolução

Eric Draper/France Presse
Bush, em conversa com o premiê japonês, Junichiro Koizumi


DA REDAÇÃO

A França e a Rússia disseram ontem pela primeira vez explicitamente que vetarão uma proposta de resolução de EUA, Reino Unido e Espanha no Conselho de Segurança (CS) da ONU autorizando o uso da força para desarmar o Iraque.
A Casa Branca disse que a votação não será hoje, como calculava Washington. A reunião decisiva poderia acontecer a qualquer momento a partir de amanhã. O adiamento indica que os EUA não conseguiram obter o apoio que desejavam no CS.
Uma versão modificada do documento apresentada na semana passada pelos britânicos estabelece um prazo de até 17 de março para que Bagdá coopere totalmente com todas as resoluções que exigem o seu desarmamento ou enfrente uma ação armada.
Os seis membros do CS ainda indecisos sobre seu apoio à guerra (Chile, México, Paquistão, Angola, Camarões e Guiné) trabalham numa solução de compromisso para que haja um consenso entre os 15 integrantes do órgão.
O projeto incluiria a entrega aos iraquianos de uma lista de exigências específicas para o seu desarmamento e um prazo mais longo (provavelmente até meados de abril) que aquele dado por Washington, Londres e Madri.
O Reino Unido se mostrou ontem disposto a alterar ligeiramente a resolução, incluindo a extensão do prazo de 17 de março -mas não por muito mais tempo, disse porta-voz do premiê Tony Blair. Os EUA também se mostraram abertos a mudanças.
A iniciativa americana recebe oposição de três dos cinco membros permanentes do CS, França, Rússia e China. "A França não aceitará essa resolução. A França votará "não'", disse o presidente francês, Jacques Chirac, em cadeia de TV.
Diante das promessas de veto, os EUA tentam obter uma "maioria moral" de 9 dos 15 integrantes do CS. Essa maioria não daria legitimidade jurídica a um ataque, mas seria uma forma de os governos que defendem a guerra afirmarem que agem com apoio multilateral. "Se eles vetarem, isso seria, do ponto de vista moral, mais que uma desilusão. Decepcionaria milhões de pessoas em todo o mundo", disse o porta-voz da Casa Branca, Ari Fleischer.
O chanceler russo, Igor Ivanov, nunca foi tão enfático sobre a disposição de seu país de vetar a resolução. "A Rússia pensa que agora não há necessidade de novas resoluções da ONU, e é por isso que a Rússia declarou abertamente que, se uma proposta for submetida para consideração contendo exigências inatingíveis em forma de ultimato, a Rússia votará contra", disse.

Com agências internacionais


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