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EUA e Irã evitam discutir temas bilaterais em Bagdá
Representantes dos dois países têm primeiro contato público em quatro anos
Premiê iraquiano pede, em encontro sobre segurança regional, que vizinhos não interfiram no país; ele não menciona tropas dos EUA
DA REDAÇÃO
Representantes dos Estados
Unidos e do Irã tiveram ontem
seu primeiro contato público
direto em quatro anos, durante
conferência sobre segurança
regional organizada pelo governo iraquiano em Bagdá. Mas os
dois lados não chegaram a discutir temas bilaterais.
O embaixador americano em
Bagdá, Zalmay Khalilzad, fez
uma descrição mais otimista do
intercâmbio do que a do representante do Irã, Abbas Araghchi, vice-ministro do Exterior.
Segundo Khalilzad, os dois
trocaram pontos de vista sobre
a situação iraquiana "diretamente e na presença de outros", no que ele descreveu como "uma troca construtiva". Já
Araghchi limitou-se a relatar
que "não houve um encontro
face a face; tudo aconteceu no
quadro da reunião".
O iraniano insistiu, em entrevista, que "a presença de forças
estrangeiras está alimentando
a violência no Iraque" e pediu o
estabelecimento de "um cronograma" para a saída dos americanos. "A presença [de forças
estrangeiras] é usada para justificar a violência, e a violência
é usada para justificar a presença [dessas forças]", disse.
O embaixador americano,
por sua vez, pediu que os países
vizinhos do Iraque "interrompam o fluxo de soldados, de armas e de propaganda sectária",
numa referência ao Irã e a Síria,
que os EUA acusam de armar
milícias xiitas (no caso iraniano) e sunitas (no caso sírio).
Em 2002, Irã e Síria foram
incluídos pelo governo americano no "eixo do mal", ao lado
do Iraque de Saddam Hussein e
da Coréia do Norte. A idéia dos
arquitetos da política externa
do presidente George W. Bush
era perseguir pela força a mudança de regime no Irã depois
de depor o ditador iraquiano.
Com o caos no Iraque, os
EUA tiveram que pôr essa idéia
de lado, mas o fato de Bush ter
intensificado, desde janeiro, as
acusações sobre o envolvimento da Guarda Revolucionária
iraniana no treinamento de insurgentes xiitas no Iraque provocou temores de que a Casa
Branca estivesse pavimentando o terreno para uma ação militar contra o Irã.
Esses temores diminuíram
depois que os EUA aceitaram,
há três semanas, negociar a
normalização das relações com
a Coréia do Norte, em troca do
arquivamento do projeto norte-coreano de desenvolver um
arsenal atômico. Mas Washington insiste na suspensão do
programa nuclear iraniano, como pede resolução do Conselho de Segurança da ONU, antes de iniciar negociações bilaterais com Teerã.
EUA e Irã não mantêm relações diplomáticas desde a Revolução Islâmica de 1979.
Durante a conferência, o premiê iraquiano, Nuri Al Maliki,
fez um apelo para que nenhum
país se intrometa em assuntos
internos do Iraque e pediu a
cooperação internacional para
o fim da violência.
"Pedimos a todos que assumam a responsabilidade de
adotar uma posição forte contra o terrorismo no Iraque e
que cooperem com a repressão
das forças do terror."
Ele não se referiu à presença
dos 130 mil soldados americanos no país. Os EUA apóiam o
premiê, mas vêm pressionando
para que reprima as milícias
xiitas -Maliki é xiita, como
60% da população iraquiana.
Com agências internacionais
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