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SUCESSÃO NOS EUA / SEXO E PODER
Escândalo sexual atinge político democrata
Governador de NY, Eliot Spitzer, foi envolvido em investigação sobre rede de prostituição de luxo, afirma "New York Times"
Spitzer, que apóia Hillary Clinton na corrida à Casa Branca, não nega acusação; analistas rechaçam impacto forte na disputa eleitoral
Shannon Stapleton/Reuters
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Eliot Spitzer pede desculpas ao lado da mulher, Silda, em Nova York; ele não renunciou ao cargo |
DA REDAÇÃO
Em meio à disputadíssima
corrida pela candidatura à Casa
Branca, as atenções do Partido
Democrata foram divididas ontem com o escândalo sexual
que se abateu sobre o governador de Nova York, Eliot Spitzer.
O democrata, segundo reportagem do "New York Times", está
sob investigação federal por ter
contratado os serviços de uma
rede de prostituição de luxo.
O jornal afirma, citando fontes e documentos do caso, que
um grampo telefônico gravou
Spitzer -identificado como
"cliente nove"- confirmando
planos para levar a prostituta
Kristen, da rede Emperors
Club VIP, de Nova York para
Washington, onde eles se encontrariam em 13 de fevereiro.
Apesar de clientes raramente
serem processados por procuradores federais em casos de
prostituição nos EUA, uma lei
aprovada pelo Congresso em
1910 determina que é crime
transportar pessoas com esse
propósito entre Estados. Quatro pessoas foram denunciadas
pelo crime no caso. Se condenadas, poderão cumprir penas
de até cinco anos de prisão.
De acordo com a CNN, a Emperors Club VIP cobrava entre
US$ 1.000 e US$ 5.500 por hora
e mantinha cerca de 50 prostitutas em Nova York, Los Angeles, Miami, Londres e Paris.
Spitzer, 48, casado e com três
filhas, não negou a acusação.
Em uma declaração pública ao
lado da mulher, ele pediu desculpas à sua família e ao público. "Eu falhei em manter o nível que espero de mim mesmo.
Agora preciso dedicar algum
tempo para recuperar a confiança da minha família", disse,
sem mencionar explicitamente
o caso nem renunciar.
Operação corriqueira
Detalhes do caso divulgados
pelo "New York Times" indicam que o encontro em 13 de
fevereiro não foi a primeira vez
que Spitzer usou os serviços do
Emperors Club VIP.
Nas conversas gravadas pela
investigação, iniciada em outubro de 2007, o "cliente nove"
afirma que o pagamento à rede
seria feito "como de costume".
Ele já teria um bônus residual
de US$ 400 ou US$ 500.
O "cliente nove" ainda pergunta quem seria a enviada a
um hotel em Washington para
o encontro, realizado na véspera do Dia dos Namorados americano. Ao saber que seria Kristen, descrita como uma bonita
jovem morena de 1,65 m e 48
kg, ele responde: "Ótimo, maravilhoso".
O encontro, afirma o "Times", aparentemente se deu no
hotel Mayflower, um dos mais
caros de Washington. O "cliente nove" usou o pseudônimo de
George Fox para reservar o
quarto 871. O nome é o mesmo
de um amigo e doador de Spitzer, que negou envolvimento.
Mississippi
O escândalo chega um dia antes das prévias democratas em
Mississippi, onde o senador Barack Obama lidera pesquisas de
opinião. Estão em disputa 33
delegados, que poderão aumentar a vantagem de Obama
frente a Hillary antes da Pensilvânia, onde ela é favorita.
Spitzer é um superdelegado
-integrantes da cúpula democrata com voto na convenção
do partido- e já declarou apoio
à ex-primeira-dama, senadora
por Nova York. Analistas ouvidos pela Folha, porém, minimizam a chance de o escândalo
afetar a corrida eleitoral. "O
público separa muito a política
estadual da nacional. Hillary
não é tão próxima de Spitzer, e
ele já não tinha muita popularidade", afirma Jonathan Nagler,
analista político da Universidade de Nova York.
Ex-procurador-geral do Estado de Nova York, Spitzer ganhou projeção nacional ao lutar contra corrupção e crimes
financeiros. Ele foi eleito em
2006 com 70% dos votos, mas
seu governo perdeu apoio ao
defender que imigrantes ilegais
deveriam poder tirar carteira
de motorista e sofreu acusações de que seus funcionários
usaram bens do Estado para
espionar rivais.
Alexander Keyssar, especialista em política americana da
Universidade Harvard, concorda com Nagler. Ele vê apenas
uma chance de a disputa presidencial ser afetada pelo caso: se
ele despertar lembranças de
outros escândalos sexuais. "O
governo [de Bill] Clinton
(1993-2001) é muito associado
a escândalos sexuais, o que não
ajuda a senadora." Em 1998,
era seu marido o foco da mídia,
por seu "affair" com a então estagiária Monica Lewinsky.
(ANDREA MURTA)
Com agências internacionais
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