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OEA acha difícil pôr força internacional na fronteira
Equador insiste em presença de outros países para evitar incursões da Colômbia
Em inspeção no local do bombardeio colombiano, secretário-geral da OEA sugere acordos bilaterais "sérios" e verificáveis
FLÁVIA MARREIRO
ENVIADA ESPECIAL A ANGOSTURA
(EQUADOR)
ADRIANA KÜCHLER
ENVIADA ESPECIAL A QUITO
O secretário-geral da OEA
(Organização dos Estados
Americanos), José Miguel Insulza, disse ontem ser "muito
difícil" que uma força internacional atue na fronteira entre a
Colômbia e o Equador, tal como insiste Quito. Insulza defendeu que os países cheguem a
acordos "sérios e concretos"
sobre os problemas na divisa e a
mecanismos também sérios
para verificar se são cumpridos.
O representante da OEA foi
questionado sobre a proposta
da força de paz após vistoriar, à
frente de uma comissão da organização, a área do acampamento das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) na selva equatoriana bombardeado pela Colômbia no último dia 1º -o que levou Quito
a romper relações diplomáticas
com Bogotá.
"Creio que é muito difícil,
muito difícil controlar uma
fronteira como essa, como também é muito difícil que outros
países que não são da região
contribuam com muitas forças
militares", disse Insulza, que
também citou a dificuldade de
soldados do exterior atuarem
bem na área de selva.
O secretário-geral da OEA
disse que a proposta equatoriana será "estudada", mas lembrou que ela tem de ser um pedido conjunto de Quito e Bogotá e que decisão final virá na
reunião dos chanceleres da organização, no dia 17.
Insulza frisou a necessidade
de os países chegarem a acordos "sérios e passíveis de verificação" para pôr fim às tensões
na área -embora a fase mais
aguda da crise tenha passado, o
presidente equatoriano, Rafael
Correa, afirmou que as relações
com a Colômbia só serão retomadas "gradualmente".
Farc na fronteira
O envio de uma força de paz
foi proposto por Correa na reunião do Grupo do Rio, na República Dominicana, na última
sexta-feira, e ecoado pelos ministros Gustavo Larrea (Segurança Interna e Externa) e
Wellington Sandoval (Defesa),
que também acompanharam a
comissão da OEA na visita ao
local do ataque colombiano, na
região de Angostura, Província
de Sucumbíos.
Autoridades equatorianas
têm repetido que é "impossível" para as forças do país controlarem completamente a
fronteira e cobram do Exército
colombiano maior controle sobre a divisa -grande parte, dizem, está nas mãos da guerrilha. Antes do bombardeio que
matou o número dois das Farc,
Raúl Reyes, o Equador já havia
feito outras queixas sobre incursões por terra e no espaço
aéreo do país pelas Forças Armadas do vizinho.
A Combifron (Comissão Binacional de Fronteira), que deveria tratar do tema, mostrou-se ineficaz, daí a proposta de
novos acordos feita por Inzulza. "Queremos que [a OEA] garanta a vigilância na fronteira.
Se não pode fazer, podíamos
pedir ajuda aos capacetes azuis
[da ONU]", disse o ministro
Larrea. "A força de paz seria
muito importante porque do
lado da fronteira colombiana
não está o Exército do país, estão as Farc", disse Sandoval.
O ministro da Defesa negou
as acusações de que as Forças
Armadas do país tenham um
pacto de não-agressão com as
Farc. "É o contrário, são eles
que não nos atacam. Mas nós
vamos continuar atuando contra qualquer invasão de forças
regulares e não-regulares em
nosso território."
Violadas
A comissão da OEA, que chegaria ontem à noite a Bogotá,
foi criada em uma reunião de
emergência, na semana passada, para tratar da crise entre os
dois países. O objetivo é produzir um relatório a ser analisado
pelos chanceleres, com "opiniões a respeito das normas jurídicas que foram violadas para
que não tornem a ser violadas",
disse Insulza.
"A visita ao local foi para
complementar a ampla informação que tivemos na reunião
em Quito", disse o embaixador
brasileiro na OEA, Osmar Chofi, integrante da comissão ao lado de representantes de Panamá, Bahamas, Peru e Argentina. A vistoria do grupo durou
cerca de uma hora. Não houve
tempo para ouvir representantes da comunidade local.
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